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4 de dezembro de 2014REGISTROS│ O Maracatu Nação, o Maracatu Baque Solto e o Cavalo-Marinho, expressões culturais e musicais repletas de simbologia, ganharam o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
A decisão foi tomada por unanimidade durante reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, do IPHAN, na manhã desta quarta-feira (3/12), em Brasília (DF).
O Conselho, composto por 23 conselheiros e 13 representantes, continuará reunido até a próxima quinta-feira (04/12) para decidir sobre outros bens que podem ganhar o mesmo título.
O Maracatu Nação, também conhecido como Maracatu de Baque Virado, apresenta conjunto musical percussivo e um cortejo real que sai as ruas durante o carnaval.
No cortejo, há rei, rainha e outros personagens como baianas e orixás. Esse maracatu é entendido como forma de expressão que congrega relações comunitárias, compartilhamento de práticas, memória e fortes vínculos com o sagrado.
Já o Maracatu Baque Solto ocorre durante as comemorações do Carnaval e da Páscoa. Compõe-se de dança, música e poesia e está associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata.
As apresentações ocorrem na Região Metropolitana do Recife e outras localidades. Os mais antigos maracatus têm sua origem em engenhos por trabalhadores rurais, trabalhadores do canavial, cortadores de cana-de-açúcar, entre fins do século XIX e início do XX.
Diferente do Maracatu Nação, o Maracatu Baque Solto é um resultado da fusão de manifestações populares, como Cambindas, Bumba-meu-boi, Cavalo Marinho e Coroação dos Reis Negros.
Por fim, o Cavalo-Marinho é uma brincadeira popular que envolve performances dramáticas, musicais e coreográficas durante o ciclo natalino.
Quem participa, em geral, são os trabalhadores da Zona da Mata, mas também há apresentações na região metropolitana do Recife e de João Pessoa (PB), entre outras localidades. No passado, tinha lugar nos engenhos de cana-de-açúcar.
Durante a apresentação, representam-se cenas do cotidiano e do mundo do trabalho rural, com variado repertório musical, poesia, rituais, danças, linguagem corporal, personagens mascarados e bichos, como o boi e o cavalo (que dá nome à brincadeira).
A 77ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio também analisará, na quinta-feira (4/12), a possibilidade de registro como Patrimônio Cultural brasileiro, a Tava Miri dos M’bya Guaranis, lugar sagrado para o povo indígena guarani, situado no Sítio São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.
Também poderão merecer tombamento a Coleção Geyer, do Museu Imperial de Petrópolis (RJ), o Acervo do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte (MG) e o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja, de Cachoeira (BA).
Integram o Conselho, que avalia os processos de tombamento e registro, especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia.
Ao todo, são 23 conselheiros que representam instituições, como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e mais 13 representantes da sociedade civil, com conhecimento nos campos de atuação do IPHAN.