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23 de março de 2015EVENTO “FEIJOADA E CINEMA” PREPARA UMA TARDE DE ATRAÇÕES CULTURAIS
23 de março de 2015CULTURA| Na próxima sexta-feira (27/03), na Villa Toscana, haverá recital e momento de autógrafos “Ex- Critas: Variações”.
Com Lacan, quando a psicanálise e a crítica literária se encontram – sempre no limite de cada um desses campos – tal escrita interessa porque ela se coloca do lado do enigma, interrogando, fundamentalmente, o que está no cerne da transmissão através de um escrito.
Esse trabalho com o texto levou Lacan a formular a noção de letra, na contrapartida do simbólico, do significante e dos signos. A letra, nesse contexto, ganha o estatuto daquilo que faz furo no saber tanto quanto é capaz de fazer uma borda ao redor desse furo, tornando-se um conceito angular – a pedra, o pêndulo, o caroço da transmissão. Situada entre o real que não conhece o sentido e o saber com o qual os significados se vestem.
Barthes se posiciona de um modo novo em face à crítica literária de sua época, ao propor que um texto nem sempre é lugar de prazer. Para além dos textos confortáveis e idílicos, há essa outra escrita, que aponta, ao contrário, a um lugar de desconforto, próprio ao gozo que se vive nessa experiência. Por isso costumam ser vertiginosos, esses textos. Eles demandam uma posição diferente de seus leitores (portanto, de seus críticos), para que a crítica se faça com alguma verdade.
Barthes considera impossível proceder uma leitura/escrita “de fora” do texto. É preciso escrever/ler “de dentro” do texto; nele, em seu interior, confundido com o escritor que inicialmente o concebeu. É preciso que o leitor “adentre” no “fora” do escritor. Talvez por isso a crítica tradicional muitas vezes os considerem textos herméticos, inanalisáveis e sem lugar “[…] Com o escritor de gozo (e seu leitor) começa o texto insustentável, o texto impossível. Este texto está fora-de-prazer, fora-da-crítica, a não ser que seja atingido por um outro texto de gozo: não se pode falar ’sobre’ um texto assim, só se pode falar ‘em’ ele, à sua maneira” (O prazer do texto. Perspectiva, 1997, p.31-32).
É nessa direção que, no ato de criação, solidão e silêncio se emaranham, numa teia insólita de palavras quase mudas, vindas de uma zona limítrofe. Essas palavras contornam um espaço vazio, que ex-siste, desenhando uma curvatura: a curva da borda daquilo que é possível formular num dizer. Mas nem tudo é possível… E essa solidão é essencial porque se refere ao encontro com o impessoal; com o Quelqu’un do qual fala Blanchot, uma das leituras possíveis do Outro da linguagem.
Convidamos a todos os que se sentirem concernidos por essas questões para que venham ao nosso encontro, no dia 27 de março de 2015, a partir das 18h. Entre nós estarão escritores, leitores, poetas, filósofos, psicanalistas, antropólogos, artistas. Carlos Eduardo Leal (RJ), Edilson Pantoja (PA), Elisabeth Bittencourt (RJ), Luciana Brandão Carreira (PA), Nilson Oliveira (PA), Ramon Cardeal (PA), Renato Torres (PA), Patrícia Vital (RJ), fomentarão as trocas. Após suas falas, ofereceremos um recital, um brinde e um momento de autógrafos – tudo com a mais pura alegria da partilha. Gratuitamente, basta vir.
Villa Toscana
Trav. 9 de Janeiro, 1683
(Entre Gentil e Magalhães Barata)
villatoscana@gmail.com
Tel: 91 9 8329 9503 | 9 8112 7925