ARENA DA AMAZÔNIA RECEBE QUATRO ATRAÇÕES NACIONAIS DA MÚSICA ELETRÔNICA
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28 de julho de 2017AMAZÔNIA| A prosa, a poesia e as ideias com foco no Amazonas e no restante da Região Amazônica ganham um novo espaço no universo digital. Trata-se da Revista Ribeirinhos, publicação online que reúne artigos, ensaios, entrevistas, depoimentos e textos literários de temática e enfoque regionais. Com edição do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, a revista eletrônica de periodicidade bimestral já está no ar e pode ser acessada no endereço http://revistaribeirinhos.cultura.am.gov.br.
Aberta à colaboração de novos autores a cada edição, a Revista Ribeirinhos tem como proposta editorial servir de espaço democrático para a veiculação de conteúdos ligados ao Amazonas e à Amazônia, nos diversos campos do conhecimento, além de produções de cunho literário. Já no nome, a publicação faz referência à cultura dos povos de Manaus, do interior do Estado e de toda a região amazônica, que vivem à beira dos rios e que em torno deles constroem vidas, vivências e saberes singulares.
“Com essa publicação, a Secretaria de Cultura busca fomentar a produção de ideias e de conhecimento de uma cultura que evoluiu de forma única no mundo, forjada por uma História plena de encontros entre povos e civilizações, por uma geografia peculiar e pela relação íntima com a natureza”, afirma Robério Braga, titular da pasta. “E essas ideias, esse conhecimento, têm sua importância e merecem ser reconhecidos no universo do saber”.
Além de Braga, no cargo de Editor Chefe, a revista tem um Conselho Editorial formado por autores e pesquisadores de renome no cenário local: Max Carphentier e José Braga, ambos escritores e membros da Academia Amazonense de Letras (AAL); Raimundo Pontes Filho, historiador e mestre em Direito Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Cristian Pio Ávila, doutor em Antropologia Social pela UEA; e Antonio Ausier Ramos, diretor do Departamento de Literatura da Secretaria de Cultura.
No staff de sua primeira edição, a Ribeirinhos tem ainda Sarah Viegas, Karla Colares e Arminda Mendonça, responsáveis pela produção editorial; Lucas Rodrigues, redator; Luis Felipe Albuquerque, responsável pela identidade visual; Jhulio Santos e Fued Felipe, programador; e Jonei Picanço, web designer.
Em pauta – Após um ano do anúncio da criação da Revista Ribeirinhos e do convite para o envio de colaborações, a primeira edição do periódico digital, referente aos meses de julho e agosto, traz uma rica seleção de conteúdos, com pautas de interesse em Antropologia, Medicina, Arqueologia, Botânica, História, Museologia, Turismo, entre outras. Por sua vez, os textos deixam de lado o tom acadêmico para revelar a voz pessoal e emotiva dos autores.
Exemplo disso é “A última roça urbana de Manaus”, em que a jornalista e pesquisadora Ellsa Souza, unindo curiosidade intelectual e um quê de saudosismo, relata a iniciativa de resgate de memória oral de moradores de uma roça nos moldes tradicionais das comunidades ribeirinhas, em pleno bairro da Glória, perto de onde a autora nasceu e passou sua infância.
Quem aprecia o trabalho de restauração de obras artísticas irá apreciar também a leitura do artigo “O Bebedouro de Humaitá restaurado”. Nele, a restauradora Judeth Costa, gerente do Ateliê de Restauro da Secretaria de Cultura, relata o processo de recuperação de um dos mais importantes monumentos do município de Humaitá (AM): um bebedouro de fabricação escocesa, datado do final do século XIX.
A Arqueologia é o foco de outros dois textos da primeira edição. Profissional da área, Douglas Franco Guedes discute as causas das alterações do espaço geográfico num sítio de estudo na região metropolitana de Manaus, no artigo “As modificações no tempo e no espaço de um sítio arqueológico no município de Iranduba-AM: O caso do Sítio Dona Stella”.
Já Adilon Pereira Inuma, também arqueólogo, investiga a relação entre a acidez do solo e a presença de vestígios cerâmicos nas áreas de formação da chamada Terra Preta de Índio (TPI), que se destaca na história dos povos pré-coloniais da Amazônia. A partir de pesquisa feita em Iranduba, ele produziu o artigo “A caracterização do pH de amostras de solo de horizontes antrópicos (Terra Preta de Índio) da Estação Experimental do Caldeirão”.
Em “Reflexões sobre o uso do Patrimônio Histórico nas práticas da atividade turística: Análise do Teatro Amazonas”, Jennifer Ribeiro da Silva, mestra em Turismo pela UFRN; Jessilda Ribeiro Furtado e Sandro de Souza Paulo, especialistas em Gestão e Produção de Eventos pela UEA; analisam a relação entre a atividade turística e o acervo histórico e arquitetônico da cidade. Tomando como exemplo o Teatro Amazonas, eles demonstram como o ícone turístico contribui para o desenvolvimento da atividade no Estado.
Os internautas também podem voltar no tempo com a leitura de “Museu Botânico do Amazonas (1883-1890): A primeira instituição museal e científica”. O texto de Rila Arruda da Costa, mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Amazonas, reconta a história do primeiro museu a ser instalado no Amazonas, no final do século XIX.
A seleção de artigos inclui ainda “Conhecimentos da Medicina Tradicional Amazônica”. O texto de Luana da Costa Pinto e Samuel Lucena de Medeiros, acadêmicos de Arqueologia da UEA, debate a exploração das propriedades medicinais das plantas amazônicas. “Por ser um conhecimento puramente tradicional (ancestral), traz-se à tona todo o arcabouço do saber amazônida, sendo os ribeirinhos os seus guardiões”, diz o resumo do texto.
Literatura e arte – A vertente literária ganha destaque na Revista Ribeirinhos com uma instigante seleção de conteúdos em prosa e poesia. Do primeiro gênero se destaca “Umas e outras do beiradão: Crônicas caboclas – Nem com piti de bodó”. No texto, Arivelto Marical e Paulo Cabral Barboza Junior, técnicos da Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico e Social, registram depoimentos de habitantes de comunidades beneficiadas por um programa executado pela agência entre 2007 e 2009.
“A ação foi precedida de levantamento socioeconômico e ambiental desses povoamentos, constituindo-se em uma oportunidade de ouvir essa gente”, escrevem os autores, que reuniram uma série de curiosos relatos no texto. E, para quem ficou na dúvida, eles esclarecem: “‘Nem com piti de bodó’ significa que o caboclo não desiste tão fácil de suas opiniões”.
No terreno da poesia, a edição julho/agosto da revista traz contribuições generosas dos autores Samuel Lucena de Medeiros, com o poema “Araçá”; Abner Viana, com “Clara Azul Bonina”, “O Velho Nuta” e “Pérola de Zion”; e Lidiane de Souza Cunha, com “Meu verde, meu lar”.
A cada edição, a publicação eletrônica vai destacar obras de duas iniciativas editoriais mantidas pela Secretaria de Cultura: a Coleção Poranduba e a Série Memória. Nesta primeira edição, a revista destaca “A crise amazônica e a borracha” (1908), obra de José Armando Mendes publicada na Poranduba, resenhada por Edlane Mendes e também disponível no acervo da Biblioteca Virtual do Amazonas.
E os meios de transporte na Manaus de antigamente são tema de dois artigos curtos da Série Memória: “Bondes em Manaus”, de Soraia Magalhães, e “Os carros de aluguel em Manaus”, de Robério Braga.
Leituras à parte, os internautas poderão conferir na Revista Ribeirinhos reproduções de obras de nomes importantes das Artes Visuais no Amazonas. A galeria virtual já conta com criações de Moacir de Andrade e Auxiliadora Zuazo, em obras originais do acervo da Pinacoteca do Estado.
Colaborações – Os leitores da Revista Ribeirinhos também terão a oportunidade de entrar para a lista de autores/colaboradores da publicação eletrônica, sugerindo textos relacionados aos tópicos relativos ao Estado e à Região Amazônica, dentro das várias áreas do conhecimento na abrangência do periódico.
Para se tornar um colaborador, basta acessar o site da Revista Ribeirinhos (http://revistaribeirinhos.cultura.am.gov.br) e seguir o modelo de formatação proposto pelo editorial da publicação. Todos os textos recebidos serão avaliados pelo Conselho Editorial, e se aprovados serão incluídos nas edições subsequentes da publicação.