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15 de agosto de 2017CULTURA| Nesta terça-feira (15), música e dança compartilham o palco do Teatro Amazonas em mais um evento promovido pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura. A partir das 20h, a Orquestra de Câmara do Amazonas (OCA) e o Balé Experimental do Corpo de Dança do Amazonas sobem ao palco da casa para apresentar dois espetáculos distintos: um concerto com clássicos do Romantismo, sob regência de Hilo Carriel, e, na sequência, a estreia de Plutão (já foi planeta). A apresentação tem entrada franca.
A primeira atração da noite é a OCA, que executa peças dos tchecos Antonin Dvorak (1841-1904) e Leos Janacek (1854-1928), e do britânico Edward Elgar (1857-1934). O concerto abre com o Noturno em Si Maior, op. 40, de Dvorak. A obra tem um único andamento, e foi extraída de uma de suas obras anteriores, o Quarteto para Cordas nº 4 em Mi Menor, de 1870. Dvorak desenvolveu o trecho e escreveu o Noturno, que foi publicado em 1883.
A seguir, vem a Elegia, op. 58, de Edward Elgar. A peça foi composta no ano de 1909, e foi dedicada a duas pessoas: o reverendo R. H. Haddon e o alemão August Jaeger, este último, amigo pessoal de Elgar, falecido no mesmo ano. A Elegia foi composta para ser uma homenagem pessoal, como um contraponto a outro tema do compositor: Nimrod, das Variações Enigma.
Por último, a Suíte para Cordas, de Leos Janacek. Composta em 1877, quando o compositor tinha apenas 23 anos, foi publicada apenas em 1926. De cunho levemente nacionalista, a peça tem um estilo próximo das canções tradicionais de seu país, e os movimentos fazem referência ao sobrenatural e à melancolia, com contrastes extremos e uma conclusão intensa.
Planetas anões e minorias – Após um breve intervalo, as estantes dão lugar ao linóleo, e o Balé Experimental do Corpo de Dança do Amazonas, sob a coordenação de Monique Andrade, faz a estreia do espetáculo Plutão (já foi planeta). Com coreografia de Rodrigo Vieira, o espetáculo abre a segunda temporada do projeto Alma de um Poeta, realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura.
A montagem se baseia no poema “Tempo de Uiaúa”, do amazonense Anibal Beça, e leva ao palco, por meio da dança, uma reflexão crítica sobre a situação das minorias sociais estabelecendo uma relação entre elas com Plutão, considerado Planeta Anão em 2006, por não se adequar ao tamanho associado à categoria de planeta. A leitura abrange ainda o discurso astrológico, que afirma que o astro celeste também revela todos os problemas de um indivíduo, fazendo-o conhecer do inferno ao divinal.
A história de Plutão e seu rebaixamento no Sistema Solar serviu de referência para que Vieira e os bailarinos da companhia buscassem o seu “inferno” e o seu “divino”, na construção do arcabouço da obra. “Fiz uma comparação do planeta com as classes excluídas, que são marginalizadas pela sociedade, como os negros, as mulheres, os homossexuais e todos os que enfrentam dificuldades para serem respeitados e que necessitam ter representantes em todos os setores sociais”, destaca o bailarino e coreógrafo.
Plutão (Já foi planeta) será reapresentado nos dias 30 e 31 de agosto, às 19h, no Teatro da Instalação, localizado na rua Frei José dos Inocentes, S/Nº, Centro, com entrada franca.
Hilo Carriel – Nascido em Manaus, Carriel é bacharel em Regência pela Escola Superior de Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (ESAT/UEA). Participou de cursos importantes de regência no Brasil, como a classe de Regência do Festival de Inverno de Campos do Jordão, com Marin Alsop e Giancarlo Guerrero; o Workshop Internacional de Regência da Filarmônica de Goiás, com Neil Thompson; e o 8° Laboratório de Regência da Filarmônica de Minas Gerais, com Fábio Mechetti.
Foi convidado pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) para a estreia da Suíte Caymmi – História de Pescadores em 2014, na Sala São Paulo. Foi pianista da Orquestra Experimental da Amazonas Filarmônica durante três anos, e atuou como pianista correpetidor em várias edições do Festival Amazonas de Ópera. Atualmente, é regente do Coral Jovem do Liceu Claudio Santoro, e a partir deste mês, integrará a classe de Marin Alsop no mestrado em Regência Orquestral do Conservatório Peabody, na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore (EUA).
Rodrigo Vieira – Natural de Manaus, é bailarino do Corpo de Dança do Amazonas (CDA) desde 2013. Seu envolvimento com a dança tem início em 1998, na Escola de Dança da Primeira Igreja Batista da Restauração em Manaus – PIBREM. Formado em Dança pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e graduando em Fisioterapia pela Universidade Paulista-UNIP/AM, seu maior envolvimento com a dança iniciou em 2000, na Escola Profissional de Ballet Clássico Sarene Lima – EPBCSL. Já atuou com grandes nomes do cenário da dança no Brasil como Roseli Rodrigues, Toshie Kobayashi, Ivonice Satie, Luis Arrieta entre outros.
Integrou a Cia Arnaldo Peduto, foi coreógrafo da Cia Casarão de Dança dirigida por Ana Laura Stone. Em 2012, fundou o Studio Arte 21 e também foi coordenador da Cia Rodrigo Vieira, ambas premiadas em eventos na cidade. Em 2013, participou como bailarino do Prêmio Funarte de Circulação Nacional pela Cia Intérpretes. Nos últimos anos, tem ministrado cursos de Jazz e de Balé Clássico na dentro e fora de Manaus e vem atuando como coreógrafo do Balé Experimental do Corpo de Dança do Amazonas.
Balé Experimental do Corpo de Dança do Amazonas – Com 13 bailarinos, com idades entre 17 e 22 anos, a companhia possui ex-alunos do Liceu de Artes Claudio Santoro, além de membros oriundos de danças urbanas de Manaus e acadêmicos da UEA. A companhia tem uma rotina de ensaio de três horas diárias, no Teatro da Instalação (Centro), com o objetivo de preparar jovens talentos da dança para o mercado de trabalho local, nacional e internacional. O grupo atende à agenda cultural promovida pelo Governo do Amazonas, via Secretaria de Cultura, e com isso, leva o segmento da dança às comunidades ao mesmo tempo em que se prepara profissionalmente.
Orquestra de Câmara do Amazonas – Fundada em 2002, a Orquestra de Câmara do Amazonas tem como objetivo pesquisar e difundir a música camerística no Amazonas. Dirigida atualmente pelo maestro Marcelo de Jesus e contando com 19 instrumentistas, também integrantes da Amazonas Filarmônica, a orquestra participa, todos os anos, das séries Guaraná e Encontro das Águas, além de importantes eventos de projeção nacional e internacional, como o Festival Amazonas de Ópera.
Foto: Ruth Jucá/Divulgação