TEATRO AMAZONAS RECEBE A SEXTA EDIÇÃO DO FESTIVAL AMAZONAS DE MÚSICA
25 de setembro de 2017WARUNG TOUR – EDIÇÃO MANAUS COM DJS RENATO RATIER E MANDI HAFEZ
26 de setembro de 2017BOI-BUMBÁ| Cerimônia com encenação da cultura africana, indígena brasileira, fé cristã católica, judaica, japonesa, dança paraense do carimbó, São João da Paraíba, Baião nordestino com as raízes do Ceará e a toada de boi-bumbá. Essa foi a história contada pelo Boi Caprichoso no palco do curral Zeca Xibelão para revelar o tema “Sabedoria Popular: Uma Revolução Ancestral”, na noite deste sábado, 23 de setembro.
Em busca do título de bicampeão do Festival Folclórico de Parintins 2018, a apresentação da temática, de forma inédita, lançou a toada “Azulou”, de autoria dos compositores Ronaldo Barbosa e Simão Assayag. O apresentador, Edmundo Oran, interpretou a nova toada com coreografia apresentada pelos dançarinos dos grupos Corpo de Dança Caprichoso (CDC) e Troup Caprichoso.
O coordenador do Conselho de Arte, Ericky Nakanome, definiu que o tema remete a brincadeira do boi de Parintins, legado de muitas famílias e de múltiplas construções ancestrais. “O caboclo simples revolucionou uma pequena cidade no interior do Amazonas e por meio da arte transformou Parintins, com um dos maiores espetáculos da terra, com criatividade. Esse tema embasado nasceu logo depois do festival deste ano”, explicou.
O presidente do Boi Caprichoso, Babá Tupinambá, assegurou que vai trabalhar dia e noite, incansavelmente, para o bumbá conquistar o bicampeonato. Produtos oficiais com o tema 2018 também foram apresentados para os sócios. Ex-alunos da Escola “Irmão Miguel de Pascalle” e desenhistas do Conselho de Arte criaram a marca da temática com uma técnica de pintura chinesa.
O presidente anunciou ainda novos membros do Conselho de Arte: Zandonaide Bastos, Ito Teixeira e Júnior de Souza. O vice-presidente do Boi Caprichoso, Jender Lobato, assegurou para a nação azul e branca que o tema vai consolidar a vitória do bumbá no festival de 2018, com um trabalho sério da diretoria e Conselho de Arte. “Estamos confiantes e vamos nos dedicar para apresentar um espetáculo muito mais superior em 2018”, enfatizou.
Sabedoria Popular: Uma revolução ancestral
Quando os tambores do tempo anunciaram que o paraíso amazônico, seria a pátria dos mil povos, a ancestralidade indígena, ora revolta, outrora calma, abriu-se, para receber as marcas étnicas que iriam assinalar para sempre a nossa identidade cultural. Culturalmente, somos todos índios, portugueses, imigrantes, asiáticos, africanos, somos mestiços, carregamos em nossa alma um pouco de cada éthos, amalgamados em saberes ,crenças, costumes e tradições diversas, banhadas num rio de resistência que carrega em si a bravura de “mil heróis” e sacramentada em uma arte, capaz de revolucionar através do belo a simplicidade de uma pacata cidade, que ousou um dia sonhar e através da inventividade criativa de seus artistas, transformou um boi de pano, em um ícone revolucionário, contra a impiedosa horda de devastação imposta pela processo de colonização, a marginalização da arte popular em detrimento de um olhar artístico eurocêntrico e pela preservação da floresta e suas populações tradicionais.
É nesta atmosfera multicultural, que o boi caprichoso, afoita –se na montagem de um espetáculo onde a tríade sugere uma nova viagem com os protagonistas que aqui estavam e os que aqui chegaram com nova dramaturgia para uma identidade regional, rica por ser diversa e aberta ao diálogo universal ,afirmando ao mundo que a sabedoria cultural do seu povo, transformou-se numa arma potente, capaz de promover revolução, cheia de esperança, que decanta há mais de 100 anos o folclore do povo amazônida, as suas constantes lutas pela preservação e belezas naturais e acima de tudo a resistência dos povos indígenas, nossos ancestrais.
Fotos: Katiuscia Ferreira e Glenda Dinelly