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14 de maio de 2018INPA| Após três décadas servindo de apoio às pesquisas científicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), a Base Alto Cuieiras, no meio da floresta amazônica, passa a ter uma estrutura moderna e robusta. No local, será possível desenvolver pesquisa com um novo olhar e o estabelecimento de novas parcerias. Além disso, a base servirá para popularizar a ciência produzida pelo Instituto, por meio de atividades de turismo de observação da natureza e o turismo da interação entre o visitante e o pesquisador.
Distante a três horas de barco (lancha rápida) de Manaus, a Base Alto Cuieiras foi construída numa área de terra firme na floresta amazônica e foi inaugurada na última terça-feira (8). A obra fax parte do Projeto Museu na Floresta, uma parceria entre o Inpa e a Universidade do Quioto (Japão), com financiamento da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica).
A Base Alto Cuieiras está situada numa região de importante destino turístico, que é o Mosaico do Baixo Rio Negro – um conglomerado de 12 áreas protegidas da Amazônia de diferentes categorias e lar de uma rica biodiversidade, além de uma grande quantidade de comunidades ribeirinhas e indígenas. Só no Cuieiras há seis comunidades, seis delas indígenas.
O empreendimento com um redário bimodular com capacidade para 60 redes, banheiros e chuveiros; um refeitório com espaço multiuso (refeições, aulas, capacitações); energia elétrica em horários predeterminados do dia. Iniciada no dia 4 de agosto de 2017, a base foi construída numa área total de 664,85 metros quadrados e finalizada no dia 28 de março pela Construtora Roswand Eirelli.
Investimento
O investimento na obra foi de R$ 1,4 milhão, financiado pela Jica e pela Agência Japonesa da Ciência e Tecnologia (JST). Também contou com apoio da Itochu Corporation, que financiou o prédio do refeitório.
Como parte das ações do Projeto Museu na Floresta, foram construídas novas estruturas que possibilitarão atividades de pesquisa, turismo científico e capacitações voltadas para a observação e conservação da biodiversidade amazônica e a valorização da cultura dos povos tradicionais.
A base conta diferentes ambientes amazônicos como igapó, terra firme, campina e campinarana. É a única base do Inpa que tem todos esses ambientes em um só lugar. Além disso, no rio Cuieiras habitam seis comunidades das quais cinco são de diferentes etnias.
Planos
De acordo com a coordenadora brasileira do Projeto Museu na Floresta, a pesquisadora Vera Silva, existem vários planos para a utilização da Base. Dentre eles, a ideia da criação de cursos voltados para o turismo científico para alunos das universidades do Brasil e do exterior, além de comunitários. “Esses alunos serão convidados para virem à Base, onde especialistas do Inpa e da Amazônia irão transmitir os conhecimentos que o Instituto gera”, diz Silva.
No próximo mês de julho já estão planejadas uma capacitação sobre História Natural e uma oficina de Ilustração Botânica científica.
Novos tempos
A base significará para a sociedade e para o mundo a sinalização de novos tempos nos quais pesquisadores irão agregar a pesquisa, a inovação e a educação ambiental congregados num único local. A observação é da pesquisadora e vice-coordenadora do Museu na Floresta, Rita Mesquita, que também é coordenadora de Extensão do Inpa.
“Essa é uma Base de um olhar para o futuro, numa convivência do homem com a natureza, e a Ciência tem um papel essencial para isso”, diz a pesquisadora, que vê na inauguração da base o lançamento dos fundamentos dessa contribuição da Ciência em dar um outro olhar de desenvolvimento para a Amazônia.
Prospecção
Para o pesquisador do Inpa, o ictiólogo Jansen Zuanon, que esteve na inauguração da Base para prospectar futuras pesquisas, a Base Alto Cuieiras é um local excelente para trabalho de campo. “A estrutura é boa para realizar a pesquisa básica de campo, que é o objetivo da maior parte dos trabalhos que fazemos nas disciplinas da pós-graduação”, conta o pesquisador.
Ainda segundo Zuanon, por contar com várias ambientes como igapós, pequenos igarapés e terra firme, a área do Cuieiras é bem interessante para a realização de pesquisa científica.
Parcerias
Para o coordenador japonês do Museu na Floresta, Shiro Kohshima, a Base Alto Cuieiras é um dos principais pilares do Projeto, juntamente com a Casa da Ciência, o Bosque da Ciência e a Torre de Pesquisa e Observação na ZF-2. “A Base tem uma estrutura bem mais robusta do que imaginávamos e creio que irá perdurar por pelo menos mais 50 anos”, destaca Kohshima, que manifestou interesse em continuar colaborando com o Museu na Floresta com outros projetos científicos.
De acordo reitor da Universidade de Quioto, o pesquisador e professor Juichi Yamagiwa, a Universidade tem a experiência acumulada ao longo de 70 anos em pesquisas de campo, no Japão, na Ásia e na África. “Esta parceria com um renomado instituto de pesquisas, no Brasil, que é o Inpa, é de suma importância no sentido da Universidade de Quioto poder transmitir todo conhecimento adquirido e formar esta parceria”, diz.
Para a nova cônsul-geral em Manaus, Hitomi Sekiguchi, que prestigiou a inauguração, a Base Alto Cuieiras é importante para o estudo da conservação da biodiversidade e também para a humanidade. “A parceria entre Japão e Brasil é motivo de orgulho para ambos os países”, ressalta.
Também estiveram presentes na inauguração da Base Alto Cuieiras, o representante chefe da Jica, Akio Saito; o presidente e CEO da empresa Itochu Corporation para a América Latina, Jun Inomata; a chefe da Divisão de Cooperação com a América do Norte, Ásia, África e Oceania e representando o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Nanahira de Rabelo.
Museu na Floresta
O Projeto Museu na Floresta é um novo conceito de museu, ao ar livre, com a ideia de uma grande rede que conecta várias organizações parceiras e pessoas, promovendo de forma harmoniosa a coexistência entre o homem e a natureza. É uma parceria do Inpa com a Universidade de Quioto com a cooperação internacional da JICA e JST e apoio da Itochu Corporation.
Iniciado em 2014, o Projeto terá vigência até 2019 com um custo de R$5 milhões. O investimento proporcionou a construção da Base Alto Cuieiras, a revitalização da Torre de Pesquisa e Observação na ZF-2, e a obra do sistema de tratamento de água nos tanques dos peixes-bois da Amazônia que reduzirá em 60% o consumo de água. Também está prevista a modernização da Casa da Ciência, além do desenvolvimento de várias atividades de pesquisas e de educação ambiental.
Foto: Luciete Pedrosa