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16 de maio de 2018PINT OF SCIENCE| Uma conversa num bar entre cientistas e frequentadores. Assim será o Pint of Science, que acontece em Manaus (AM), a partir desta segunda-feira (14). É um evento internacional que convida pesquisadores a saírem de seus laboratórios e mostrar à sociedade os seus estudos. A idéia é compartilhar e debater o conhecimento de forma voluntária e descontraída nos bares, que cedem seu espaço e não cobram a entrada. O público paga apenas o que consumir. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) participam do evento até quarta-feira (16).
Entre uns goles de cerveja e petiscos, os pesquisadores do Inpa, Adalberto Luis Val e Fernanda Werneck, falarão sobre os seus estudos, hoje (14), a partir das 19h até as 21h, no Imperial Pub, situado na Av. Efigênio Sales, 2402, sala 5.
“Mudança climática e peixes da Amazônia – haverá peixes para fritar em 2100?”, este será o tema apresentado pelo pesquisador Val. Durante a conversa, o pesquisador mostrará que o aquecimento global acontecerá em todos os lugares e importunará até quem vive na água, como os peixes tropicais, em particular, os peixes amazônicos, que já vivem perto dos seus limites térmicos.
“Estarão as sardinhas, jaraquis, tambaquis e pirarucus fritos em ambientes mais quentes ou serão capazes de se adaptar aos novos desafios impostos pelas mudanças climáticas?”, indaga o pesquisador, que estuda adaptações biológicas às mudanças ambientais, naturais e causadas pelo homem.
Vencedora do prêmio internacional Rising Talents da L’Oreal-Unesco For Wonen in Science (2017) e do prêmio L’Oreal-Unesco-ABC para Mulheres na Ciência (2016), área Ciências Biológicas, a pesquisadora do Inpa Fernanda Werneck falará sobre a “Mudança climática sobre diversidade terrestre”.
Durante o festival Pint of Science, a pesquisadora irá relatar sua experiência de pesquisa e a importância de estudos na área de evolução a biodiversidade e discutir numa linguagem acessível alguns dos potenciais impactos que as mudanças climáticas podem ocasionar sobre a fauna terrestre amazônica, em especial, em grupos de anfíbios e répteis, coletivamente chamados de herpetofauna.
Nutrição
Na terça (15), pesquisadores voltam a se encontrar para conversar de forma descontraída e divertida, na Vila Hub, localizada na rua do Sol, 2, quadra B, no Cj. Morada do Sol – Aleixo. Desta vez, a convidada será a pesquisadora Dionísia Nagahama, que falará sobre “Alimentação alternativa com alimentos bons, limpos e justos”.
A pesquisadora que é nutricionista e atua na área da Segurança Alimentar e Nutricional e de alimentos regionais, afirma que o mais importante é a sensibilização de que se alimentar não é apenas pensar em alimentos nutritivos e de baixa caloria, mas vai além disso. Para ela, é preciso pensar no bem do próximo ou de quem planta; no bem do meio em que vivemos e no nosso bem-estar.
“Falar sobre nutrição e alimentação, um tema tão corriqueiro em nossas vidas, e também sobre os nossos frutos e plantas alimentícias não convencionais, as Pancs, é muito prazeroso e instigante para qualquer pessoa”, diz Nagahama. “Precisamos de qualquer ação que proporcione informação e conhecimento em todos os segmentos da sociedade”, acrescenta a pesquisadora, ao lembrar que muitos organismos e instituições já fazem isto, algumas até com datas estabelecidas, mas de alguma forma a divulgação (ou a falta de) não consegue atingir a contento a população.
Bioprospecção de plantas
Já na quarta-feira (16), será a vez da pesquisadora Cecília Nunez conversar com os frequentadores do Imperial Pub (Av. Efigênio Sales, 2402), sobre o que e como são feitos os estudos de “Bioprospecção de plantas, seus fungos, seus calos… o que são, o que produzem?”.
No encontro, a pesquisadora mostrará com fotos os estudos realizados pelo seu grupo de pesquisa e tentará explicar de maneira simples o que é bioprospecção de plantas. Trata-se da obtenção de extratos vegetais, o teste para diferentes atividades biológicas e depois o fracionamento para isolar as substâncias ativas.
Também explicará como obter os calos das plantas (que são massas de células vegetais induzidas a crescer fora da planta) e dos fungos endofíticos (fungos que crescem dentro da planta) e que podem, às vezes, produzir as mesmas substâncias que as plantas de onde foram retirados. “Tudo isso é feito para obter substâncias ativas que possam gerar medicamentos”, diz.
Acessibilidade
Nunez, que ainda não tinha participado de um bate-papo nesse estilo, espera conseguir passar a mensagem. “Não acredito que tenha muita gente de fora do meio acadêmico. Espero estar errada quanto a isso, pois seria importante conseguir chegar num público que não tem acesso à ciência”, diz a pesquisadora ao comentar que gostaria de que outros eventos do tipo Pint of Science acontecessem, principalmente em praças públicas.
“Acho que uma boa opção seria na Praça São Sebastião em frente ao Teatro Amazonas. Aproveitar as quartas-feiras à noite que tem música e após o show ter uma pequena fala sobre ciência feita no Amazonas. Ou qualquer outro lugar barato, com acesso livre, e onde passe um grande número de pessoas de diversas classes sociais.
Primeira vez em Manaus
O Pint of Science acontece pela primeira vez em Manaus e simultaneamente em mais de 50 cidades no Brasil e em 26 países de várias partes do mundo. A coordenação do evento em Manaus é do professor Adolfo Mota, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A pesquisadora Beatriz Ronchi Teles (Inpa) será a coordenadora de bar (uma espécie de mestre de cerimônia). Além do Imperial Pub e da Vila Hub, o evento acontecerá também no Porão do Alemão.
Início
A ideia surgiu depois que dois pesquisadores do Imperial College London, Michael Motskin e Praveen Paul, organizaram um evento chamado Encontro com pesquisadora, em 2012. Nesse encontro, pessoas com Alzheimer, Parkinson, doenças neuromusculares e esclerose múltipla foram convidadas para conhecer os laboratórios dos cientistas e ver de perto o tipo de pesquisa que realizavam.
A experiência foi tão inspiradora que a dupla decidiu propor um evento em que os pesquisadores pudessem sair das universidades e institutos de pesquisa para conversar diretamente com as pessoas e assim, em maio de 2013, surgiu o Pint of Science.
O Pint of Science foi trazido para o Brasil pela jornalista Denise Casatti, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC-USP) e ocorreu pela primeira vez no país em 2015, em São Carlos (SP).