PESQUISADORES FALAM DE CIÊNCIA NUM CLIMA DESCONTRAÍDO COM FREQUENTADORES DE BAR
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16 de maio de 2018CIÊNCIA| De 03 a 08 de junho, Manaus receberá alguns dos maiores especialistas em Fisiologia da Reprodução de Peixes do mundo. Dezesseis renomados cientistas dos Estados Unidos, Canadá, Japão, China e Brasil, bem como de vários países da Europa, farão palestras sobre as mais recentes descobertas científicas na área, com foco nas novas fronteiras em diversidade reprodutiva num ambiente em mudança.
Esta é a primeira vez que o 11º Simpósio Internacional de Fisiologia Reprodutiva de Peixe acontece na América Latina. As três edições anteriores ocorreram na França, Índia e em Portugal. Além dos palestrantes, nos seis dias do evento os mais de 200 participantes inscritos apresentam quase 200 trabalhos, dos quais cerca de 80% serão na forma de pôster e os 20% restantes como apresentações orais.
As atividades do Simpósio ocorrerão no Hotel Tropical e contarão com a participação de acadêmicos, especialistas e profissionais oriundos de praticamente todos os continentes do planeta. Compacto e sem sessões paralelas simultâneas, o evento permite que os participantes acompanhem todas as palestras plenárias e as apresentações orais. O evento será realizado em inglês e não haverá tradução simultânea. Veja o site do Simpósio http://isrpf2018.com.br/
Nesta edição, o Simpósio é presidido pelo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) Luiz Renato de França, professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde cursou mestrado e doutorado em Biologia Celular. França é pós-doutor em Fisiologia da Reprodução pela Faculdade de Medicina da Southern Illinois University, Carbondale, Illinois, EUA.
“Trazer um evento deste porte e importância para o Brasil e em particular para a Amazônia representa uma oportunidade única para pesquisadores e profissionais da área interagir e desenvolver colaborações, que certamente trarão num futuro próximo saborosos frutos na área de aquicultura para o nosso país e para o mundo; principalmente quando se considera o enorme potencial da piscicultura na região amazônica”, explicou França.
Ainda conforme o diretor do Inpa, a ocorrência deste evento internacional em Manaus em 2018 é um dos legados da atual gestão do Instituto para a região Amazônica e para o País. França encerra o mandato de quatro anos como de diretor em meados de julho próximo. O Inpa é uma instituição com mais de 60 anos que se tornou referência mundial nos estudos da biodiversidade e dos ecossistemas amazônicos.
Os peixes constituem o grupo mais diverso e abundante de vertebrados do mundo com quase 30 mil espécies, dentre as quais 13 mil são espécies de água doce e aproximadamente de 3 mil delas estão na região amazônica. Estes vertebrados aquáticos habitam ambientes diversos e extremos como os ambientes abissais (região mais profundas dos oceanos onde a luz solar é incapaz de chegar) ou de elevadas altitudes e com diferentes graus de salinidade.
“Assim, eles estão sujeitos a uma série de fatores e às mudanças causadas pelo homem que levam ao aumento da temperatura e a mudanças na qualidade da água que refletem diretamente nos processos e estratégias reprodutivas”, explica França.
Entre os palestrantes, estão Goro Yoshizaki do Japão e Samyra Lacerda do Brasil que irão falar sobre biotecnologias modernas utilizando células troncas germinativas que apresentam vastas aplicações referentes à conservação e produção na área de aquicultura.
Destacam-se também os estudos que serão apresentados pelo Charles Tyler do Reino Unido demonstrando como os milhares de substâncias químicas despejadas continuamente nas águas funcionam como poluentes (desreguladores hormonais) e impactam bastante e negativamente a reprodução de peixes.
Peixes de Manaus
Situada às margens dos rios Amazonas e Negro, a capital amazonense ocupa posição estratégica no cenário amazônico, e é o maior mercado de peixes de águas doces do Brasil. Uma das características mais marcantes do pescado comercializado em Manaus é a alta diversidade.
Formas, tamanhos, coloração, comportamentos e sabores desse pescado atraem pesquisadores, turistas, curiosos, empresários e habitantes da região. Essa diversidade representa um vasto potencial para alimentação, comércio, lazer e equilíbrio ecológico.
O estado Amazonas é o maior consumidor de pescado per capita do Brasil com 33 quilos por habitantes/ano. A fartura de espécies surpreende. Conforme pesquisa feita pelos pesquisadores do Inpa Geraldo Santos, Efrem Ferreira e Jansen Zuanon disponibilizada no livro Peixes Comerciais de Manaus, são encontradas nos mercados de Manaus cerca de 100 espécies de peixes. As mais comuns são conhecidas pelos nomes populares de tambaqui, jaraqui, curimatã, matrinxã, tucunaré, pacu, sardinha, pescada, pirarucu, pirapitinga, surubim, entre outras.
“Por isso, compreender os mecanismos fisiológicos reprodutivos é de enorme importância para o entendimento das adaptações ecológicas dos peixes, dos recursos pesqueiros, do desenvolvimento de sistemas de cultivo e produção, das aplicações biotecnológicas, do desenvolvimento de indicadores de mudanças ambientais e do desenvolvimento de modelos experimentais para aplicação biomédica”, ressaltou França, destacando que desde 2012 mais de 50% dos peixes consumidos pelo homem são produzidos em condições de cultivo.
De acordo com o documento Produção da Pecuária Municipal de 2016 publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Rio Preto da Eva (AM) foi novamente o principal produtor nacional de peixes, registrando a despesca de piscicultura de 13,4 mil toneladas. O Amazonas ocupa a 8º posição com 21,1 mil toneladas e a liderança continua com Rondônia com a despesca de 90,6 mil toneladas de peixe. Naquele ano a produção total da piscicultura brasileira foi de 507 mil toneladas, crescimento de 4,4% comparado com o ano anterior.
Apoio e Financiamento
O Simpósio tem o financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Recebe ainda o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/Manaus), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Nilton Lins (Manaus, AM), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Amazônia Ocidental (Embrapa/Manaus, AM) e Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu).
Foto: Luciete Pedrosa