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18 de outubro de 2018TECNOLOGIA| Participar de palestras, visitar espaços culturais ou ir a uma consulta médica são atividades simples para a maioria das pessoas, mas para quem não consegue ouvir é um importante problema. Para superar essa barreira de acessibilidade, o Bosque da Ciência vai contar com um aplicativo de comunicação para surdos, permitindo à pessoa com a deficiência conhecer os atrativos do espaço de visitação pública do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), sem a necessidade de um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais).
A nova funcionalidade da plataforma Giulia Mãos que Falam voltada para o turismo inclusivo foi apresentada nesta terça-feira (16) na Conferência de Abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT/Inpa), que tem como tema Ciência para a redução das desigualdades na Amazônia. O evento segue até domingo (21). Após testes da função com alunos da Escola Estadual Augusto Carneiro dos Santos, o aplicativo de inclusão de pessoas com deficiência auditiva está na fase de ajustes e será lançado em março de 2019.
Referência mundial nos estudos de biologia tropical, o Inpa atua em várias áreas para combater problemas sociais. Entre elas estão o desenvolvimento do purificador solar de água (Água box), moradias sustentáveis e tecnologias de alimento voltadas para agrobiodiversidade da Amazônia. “Uma dessas frentes é inserir o deficiente auditivo no nosso circuito de visitação no bosque, fazendo com que a visitação seja relevante, compreensível e integrada à vida deles”, disse a coordenadora de SNCT e de Tecnologia Social do Inpa Denise Gutierrez.
Outra frente de atuação é a inclusão dos idosos, que representam uma parcela representativa da sociedade. “A população está envelhecendo e precisamos pensar neles, oportunizando atividades em que podem aproveitar ao máximo o conhecimento que temos para compartilhar”, destacou Gutierrez.
Aplicativo
O aplicativo Giulia foi idealizado pela Map Innovation do professor Manuel Cardoso, que trabalha com tecnologias assistivas há 30 anos, e adaptado com a função para ponto turístico a partir de um projeto da professora do curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Selma Batista. “O aplicativo permitirá ao surdo a visitação autoguiada passando pelos atrativos do bosque. Isso dará empoderamento ao visitante, sem que ele precise do condutor, porque nem sempre se tem disponível o condutor com habilidade em libras”, disse Batista, destacando que a ferramenta não vem para substituir o intérprete.
A proposta é que no bosque estejam disponíveis para os visitantes alguns aparelhos de celular smartphones com o Giulia (instalado off line) para atender o visitante que tem celular ou que não tenha sinal de internet para baixar o aplicativo no próprio celular. “Os surdos têm uma limitação de comunicação, mas são tão normais quanto qualquer outra pessoa”, ressaltou Cardoso.
Conforme o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, 9,7 milhões de pessoas têm deficiência auditiva. Hoje, estima-se que sejam 12,5 milhões, dos quais 5,5 milhões apresentam deficiência auditiva severa, situação em que há uma perda entre 70 e 90 decibéis (dB). “O Giulia vem romper paradigmas e trazer o pcd a para a inclusão social, econômica e cultural, permitindo acesso a lugares como o bosque. E espero que sirva de exemplo para a nova geração de que a superação se faz pela vontade de transcender limites”, disse Cardoso, que é professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e inventor do mouse ocular.
Atividades
A mesa de abertura da SNCT contou com a participação do coordenador de Pesquisas do Inpa, Paulo Maurício Alecanstro; da coordenadora de Extensão do Inpa, Rita Mesquita; Reitor da Universidade Aberta da Terceira Idade da UEA, Euler Ribeiro; o presidente do Conselho Estadual do Idoso, Jorge Wagner Lopes; e do representante da Arquidiocese de Manaus, Joaquin Hudson Ribeiro. Grupos de idosos, estudantes e comunitários participaram da cerimônia. Até domingo (21) dezenas de exposições, oficinas, palestras e visitas serão realizadas no Inpa. A entrada no bosque da ciência será gratuita nesta semana.
“Eu estava ansiosa para conhecer o Inpa. Nós entramos pelo peixe-boi, e de cara fiquei encantada. Estou muito orgulhosa de estar aqui”, disse a aposentada Alzenir Bardeis, 65, que faz parte do l da Melhor Idade do Centro Estadual de Convivência do Idoso da Aparecida.
Quem também ficou animada com as atividades foi Mirela Vitória da Silva, 7, aluna do 1º ano da Escola de Estadual de Tempo Integral Nossa Senhora das Graças. “Achei legal a visita e gostei muito de aprender mais sobre a abelha que dá mel”, contou, referindo à oficina Conhecendo os Insetos do Bosque da Ciência, conduzida pelo bolsista de pós-doutorado do Inpa, o entomólogo Alexandre Somavilla.
Na oficina, Somavilla busca desmistificar os insetos. Em geral os estudantes, pensam logo no lado negativo desses animais, como a abelha ferroa, a barata é nojenta e o bicho-pau é venenoso. Os participantes aprendem sobre a importância dos insetos e sobre os diversos ambientes naturais onde são encontrados.
“Aqui a gente mostra a importância dos insetos e do motivo de eles existirem. A intenção é desmitificar a imagem negativa que as pessoas têm dos insetos e aprendam sobre os benefícios. As abelhas, por exemplo, a maior parte daqui da região não possui ferrão e elas são importantes na polinização e fabricação do mel”, contou Somavilla.
Foto: Paulo Sérgio