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11 de maio de 2019INCLUSÃO| Espaço de interação com a natureza e de educação socioambiental, o Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) entrou no roteiro inclusivo para visitantes surdos, rompendo as barreiras do silêncio e da falta de informação para esse público. A iniciativa é inédita e já rendeu o Prêmio Nacional de Turismo na categoria Academia para a professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Selma Batista. O lançamento da plataforma aconteceu na quarta-feira (08), Dia Nacional e Estadual do Turismo.
O Bosque da Ciência é o espaço de visitação pública do Inpa e um dos principais pontos turísticos da capital amazonense, recebendo cerca de 120 mil visitantes por ano. A partir de agora, o bosque oferecerá aos surdos a oportunidade de ter uma visita autoguiada, a partir do uso do aplicativo de inteligência artificial “Giulia – Mãos que Falam”, uma tecnologia assistiva que utiliza a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
“O aplicativo melhora muito a nossa comunicação e torna o bosque e o conhecimento acessíveis para quem não consegue ouvir”, disse o aluno do 9º ano, Claiver Souza, que nasceu ouvinte e perdeu quase que totalmente a audição aos três anos.
A iniciativa do Roteiro é do curso de Turismo da UEA, por meio da pesquisa de iniciação científica realizada pelo aluno Thiago Souza, sob orientação de Selma Batista, em parceria com a equipe de desenvolvimento da startup Map Innovation, Inpa e Samsung Ocean. O lançamento do Roteiro Inclusivo no Bosque contou com o apoio da Manauscult e AmazonasTur.
Para a coordenadora de Extensão do Inpa, a pesquisadora Rita Mesquita, o bosque é um “belíssimo” laboratório a céu aberto, e Giulia está atendendo a demandas importantes de uma parcela da sociedade que por muito anos foi esquecida. “O Bosque da Ciência é uma ilha de conhecimento e contemplação, mas nós queremos ser pontes, porque com união e mãos dadas podemos ir mais longe”, disse Mesquita.
Platarforma de Comunicação
O sistema do Giulia é simples e fácil de usar. Basta ter um smartphone com o aplicativo instalado e um crachá, que estará disponível na portaria do bosque, contendo informações dos atrativos em Libras, por meio da leitura de QRCodes. Inicialmente estão disponíveis informações de 14 atrativos, como peixe-boi, Ilha da Tanibuca, ariranha, poraquê e Maloca Indígena.
“Só quem sabe a importância da palavra inclusão é quem está fora dela. Por isso, queremos futuramente expandir esse projeto para outros pontos, como o Museu da Cidade”, disse o vice-presidente da ManausCult, José Augusto Cardoso.
O visitante que não tiver celular poderá solicitar o empréstimo de um dos quatro smartphones do projeto. Neste caso, é necessário fazer o agendamento prévio da visita pelo sistema eletrônico http://abc-bosque.inpa.gov.br/.
O Giulia também tem outras funcionalidades. Ele permite que os surdos se comuniquem com os ouvintes, a partir de frases emergenciais. O usuário não precisava digitar, basta selecionar uma das 140 frases pré-selecionadas, como Bom dia!, Quero ir ao banheiro e Onde fica a saída?.
Caminhada
O projeto levou dois anos para ficar pronto, desde a inserção do atrativo turístico na plataforma Giulia, com o desenvolvimento da metodologia e testes com os alunos da Escola Estadual Augusto Carneiro, instituição que oferece atendimento específico para estudantes com deficiência auditiva.
“Criamos as conexões com as instituições parceiras e desenvolvemos um projeto de grande relevância e inédito no contexto do atrativo turístico”, disse Selma Batista, destacando que o trabalho começará agora com as demandas dos grupos de visitação e monitoramento desse segmento de turismo acessível dentro do bosque.
Além de Rita Mesquita, Selma Batista, Thiago Souza e José Augusto Cardoso, estiveram na mesa de abertura a aluna surda Layssa Morais; o idealizador e CEO da Map Innovation, Manuel Cardoso; o vice-reitor da UEA, Cleto Leal; representante Samsung Ocean, Mario Bessa; a represente da coordenação do Curso de Turismo da UEA, Cláudia Menezes.
“Numa sociedade pautada pela tecnologia da informação e conectividade, a falta de informação passa a ser cruel”, disse Cardoso. “As pessoas precisamos ter acesso a coisas básicas como hospitais, delegacias e aos vários ambientes que a cidade nos oferece, como o Inpa, que oferece um amplo conhecimento sobre o bioma Amazônico”, completou Cardoso.
“Transformar ideias em ações e resultados práticos para a sociedade é muito importante, afinal Manaus é lugar em que nós vivemos”, destacou o vice-reitor da UEA.
Fotos: Wérica Lima e Victor Mamede