Museu Sacaca receberá recursos para casas indígenas
26 de maio de 2019Governo brasileiro assina acordo com a OLA e SEC lança o Festival de Ópera de 2020
27 de maio de 2019Manaus já está produzindo energia limpa a partir da captação do gás metano em seu Aterro Sanitário, instalado no Km 19 da AM–010 (estrada que liga a capital ao município de Itacoatiara). O potencial elétrico estimado é de 10 megawatts, que já está sendo captado em forma de gás. O projeto-piloto, apresentado nesta segunda-feira, 27/5, pelo prefeito Arthur Virgílio Neto, com a instalação de um novo gerador, torna autossuficiente toda a operação do complexo e ainda gera um excedente de 120 kilowatts/hora de energia limpa. Além da produção de energia, a captação de biogás instalada no complexo, continua quebrando o gás metano, 22 vezes mais impactante no efeito estufa que o dióxido de carbono (CO²), obtendo, com isso, mais créditos de carbono para a Prefeitura de Manaus.
“Isso aqui é motivo de muita comemoração. O gás excedente já está gerando crédito de carbono e há uma possibilidade imensa de se trabalhar esse projeto como fonte de empresas, de emprego, de renda, fonte de energia limpa”, disse o prefeito. “Essa questão do gás é revolucionária. É uma inovação, é muito forte”, afirmou, destacando que o aterro, por suas condições atuais, torna-se agora um dos maiores em geração de energia limpa no país.
Acompanhado da primeira-dama e presidente do Fundo Manaus Solidária, Elisabeth Valeiko Ribeiro, o prefeito reforçou, enquanto visitava o complexo, que já está mais do que na hora de o país compreender que a região mais verde do planeta está atenta às questões ambientais e busca cada vez mais buscar iniciativas que mantenham a qualidade do meio ambiente. “Já contribuímos, mantendo a floresta em pé e reduzindo os efeitos negativos da emissão de gases no aquecimento global, com o projeto Zona Franca de Manaus. Não satisfeitos, há mais de dez anos, temos aqui a usina de biogás, que faz a queima do gás metano, reduzindo seus efeitos e agora estamos produzindo energia limpa, aumentando essa capacidade com a instalação do novo gerador e tornando o complexo totalmente sustentável”, disse o prefeito. “Nós estamos gerando crédito de carbono e energia limpa a partir de um aterro sanitário, com pouquíssimo apoio e nenhum envolvimento federal”, disse.
Para se ter uma compreensão da potencialidade de produção de energia limpa, pelas tubulações da usina de biogás correm, aproximadamente, 6 mil metros cúbicos por hora e para a geração atual, são utilizados apenas 150 metros cúbicos por hora. De acordo com técnicos do projeto, o potencial de energia da usina de biogás do Aterro Sanitário seria suficiente para abastecer um quarto da estrutura predial de toda a Prefeitura de Manaus. “Já estamos preparando os próximos geradores”, afirmou o secretário Paulo Farias. “Todas essas medidas estão sendo adotadas para aproximar a gestão do lixo da geração de energia limpa e isso é muito importante para a estabilidade do aterro sanitário e para melhorar as condições do meio ambiente urbano”, afirmou o secretário.
Queima de gases
Mantido pela Prefeitura de Manaus desde 2008 e essencial para o meio ambiente, a queima limpa de gases de efeito estufa, feita no Aterro Sanitário, elimina 40 mil toneladas de biogás (metano CH4 e CO2) por mês, gerando créditos de carbono ao município.
A geração de créditos de carbono é uma das “moedas universais”, instituídas pelo Protocolo de Kyoto (assinado em 1997), que estabeleceu ao mundo metas de redução de emissão de gases na atmosfera. “A partir daí cada tonelada de CO2 não emitida ou retirada da atmosfera por um país em desenvolvimento pode ser negociada no mercado mundial”, explicou Paulo Farias.
Essa iniciativa levou a Prefeitura de Manaus a firmar um protocolo de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) com o programa das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, para a geração de créditos de carbono por meio da queima limpa de gases no aterro sanitário, coordenado pela Semulsp. “Alguns países pagam pelo crédito de carbono gerado por cidades que se propõem a reduzir a emissão de gases. Nesse caso, o aterro sanitário efetua a queima limpa do metano e CO2, originados da gestão do lixo, para gerar os créditos”, disse o secretário.
Atualmente, os queimadores ou “flares” processam 6.500 metros cúbicos por hora. De 2009 a 2018, foram reduzidas 3.606.344 toneladas de emissão de biogás (metano), sendo a média diária de 1.039 toneladas de biogás.
Saiba mais
Os aterros sanitários são locais para onde os resíduos sólidos urbanos podem ser destinados. Diferentemente dos lixões (depósitos a céu aberto), nos aterros sanitários existe toda uma preparação do solo para que não haja contaminação do lençol freático e das áreas de entorno, assim como o monitoramento do ar para que sejam verificadas as emissões de gases provenientes dos resíduos enterrados ali.
Os aterros de resíduos sólidos normalmente emitem dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) na atmosfera, sendo que esses compostos são gerados pela decomposição anaeróbica dos resíduos orgânicos ali depositados, onde o metano tem um grau de poluição da atmosfera de, aproximadamente, 22 vezes mais que o dióxido de carbono.
O gás emitido durante a decomposição dos resíduos sólidos em um aterro é chamado de biogás e sua composição pode variar levemente, dependendo dos tipos de resíduos descartados ali e suas características.
Gases gerados nos aterros sanitários geralmente são tratados através da queima direta em flares, para que o metano contido nele possa ser transformado em dióxido de carbono, que possui um potencial poluidor várias vezes menor que o metano.
No aterro de Manaus, a operação de controle e medição da emissão dos gases é realizada exclusivamente pela Conestoga-Rovers e Associados Engenharia Ltda. (CRA). A empresa Det Norske Veritas (DNV) é a responsável pela certificação das emissões reduzidas que estão em andamento.
Fotos – Alex Pazuello / Semcom