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23 de agosto de 2019Graças aos avanços das tecnologias, a internet chegou para estreitar relações e facilitar o acesso à informação. Esse movimento proporciona vantagens, mas as desvantagens também são inúmeras. Nos últimos anos, com a expansão das redes sociais e o número crescente de adeptos, essa ferramenta tem sido apontada como uma das principais causas de danos à saúde mental das pessoas ao redor do mundo.
De acordo com o psicólogo do Hapvida Saúde, Wilton Cabral, o uso das redes sociais pode causar impacto significativo na saúde mental das pessoas. “Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos dez anos o número de pessoas com depressão aumentou 18,4%, isso corresponde a 322 milhões de indivíduos, ou 4,4% da população da Terra. No Brasil, 5,8% dos habitantes – a maior taxa do continente latino-americano – sofrem com o problema”, afirma o especialista.
“Likes” e a vida real
Em julho o Instagram anunciou uma nova fase da rede social, onde apenas o dono do perfil pode ver o número de curtidas e visualizações de suas fotos e vídeos. O fim das curtidas tem como objetivo promover um maior bem-estar aos usuários da plataforma, diminuindo efeitos psicológicos, reduzindo a ansiedade e promovendo o uso da rede social de maneira mais regrada.
A decisão agradou alguns usuários, mas também causou polêmica, principalmente para os influenciadores digitais, que trabalham com dados das redes sociais. Portanto, o que passa a valer como elemento-chave são os conteúdos de qualidade.
Segundo o psicólogo Wilton, abrir mão do prazer momentâneo dos “likes” e das interações é difícil, pois existem casos em que os jovens se sentem mal por não terem tantos “likes”. “Do ponto de vista psicológico, a retirada pode ser vista como algo positivo por minimizar a busca constante pela competição na quantidade de “likes”, consequentemente minimiza a ansiedade e o desejo de comparação”, garante.
Causa ou consequência
O especialista explica também que as redes sociais, por vezes, podem ser causas ou consequências de diversos transtornos psicológicos que afetam os usuários. “Existem casos em que as redes sociais são consequências onde o indivíduo busca nas redes sociais uma interação que ele não tem nas relações fora da internet. Porém, existem casos em que as redes sociais surgem como “gatilho” para a manifestação de transtornos da ansiedade”, esclarece Wilton.
“De acordo com os atendimentos realizados tenho observado que o Instagram se mostra como um dos maiores vilões da saúde mental dos jovens, pois ele proporciona a fantasia de uma imagem perfeita e isso pode gerar inúmeros conflitos internos. Afinal, essa imagem não é real, podendo contribuir para o desenvolvimento da ansiedade, bullying e depressão”, afirma. O médico explica que a incidência maior da manifestação desses conflitos tem-se apresentado em meninas adolescentes entre 12 e 19 anos.
Transtornos psicológicos
Wilton Cabral explica que depressão e ansiedade são doenças diferentes, mas é muito comum uma pessoa ansiosa evoluir para uma depressão. Cada uma delas tem causas, sintomas e tratamentos específicos e precisam de acompanhamento profissional.
Os sintomas de ansiedade são intensos e aparecem como medos exagerados, estados em que não se consegue relaxar, sensação de que sempre algo ruim está para acontecer, falta de controle sobre seus pensamentos, fixação em seus problemas, pavor de situações difíceis, dificuldade de concentração, fadiga, irritabilidade, problemas sexuais, dificuldades para dormir, entre outros. Esses pensamentos geralmente vêm associados a sensações físicas como mal-estar, dor de estômago, aperto no tórax, palpitações, inquietação, sudorese, entre outros.
Já a depressão é um distúrbio emocional caracterizado por tristeza profunda e baixa autoestima, que pode ser desencadeada por diversos fatores. Nele há uma alteração química no cérebro do paciente, onde os neurotransmissores não são produzidos de maneira satisfatória. Entre eles estão a serotonina, noradrenalina e dopamina, que são substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células.
Os sintomas da depressão são: apatia, falta de motivação, medos que antes não existiam, dificuldade de concentração, perda ou aumento de apetite, pessimismo, indecisão, insônia, sensação de vazio, irritabilidade, raciocínio mais lento, esquecimento, ansiedade, angustia, entre outros.
Alternativa
O médico alerta que é preciso começar a pensar em mecanismos alternativos para saber lidar com as redes sociais de forma saudável. Ele cita que uma das ideias que se pode desenvolver é a introdução de mídia digital e sociais na formação educacional dos alunos, e ainda assim a adoção de ferramentas de aviso para uso excessivo das redes sociais. Além de alertas para fotos que foram manipuladas digitalmente que indicam que aquilo que está sendo visto não é realidade.