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24 de outubro de 2019Centenas de crianças, jovens e adultos aproveitam as diversas atividades de popularização da ciência oferecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) nesta semana para aprender, conhecer e se divertir. Até domingo (27), o Instituto realiza a 16ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em Manaus, comunidades ribeirinhas do baixo Rio Negro, municípios do interior do Amazonas, além de participar da Avenida da Ciência em Brasília, com outras unidades de pesquisa do Ministério.
O tema da SNCT deste ano é “Bioeconomia: diversidade e riqueza para o desenvolvimento sustentável”. Mesa de Debates sobre o tema e lançamento de livros produzidos pela Editora Inpa, exposições, oficinas, palestras, visitas guiadas, visitas a laboratórios, jogos e desenhos educativos e exibição de vídeos compõem a programação iniciada na segunda (21).
“Este é o maior evento de popularização da ciência do MCTIC. É uma semana inteira de atividades nas quais buscamos tornar os resultados da ciência e seus impactos conhecidos pela sociedade”, explicou a coordenadora de tecnologia social e uma das coordenadoras da SNCT do Inpa, Denise Gutierrez. “Inclusive nesta quinta-feira – feriado do Aniversário de Manaus – o bosque estará de portas abertas, e convido a população a vir nos visitar”.
Bosque da Ciência
Espaço de visitação pública do Inpa, o Bosque da Ciência funciona como uma vitrine do ambiente amazônico e das pesquisas desenvolvidas pelo Instituto, referência em biologia tropical. Tanques dos peixes-bois, Exposição Tramas da Ciência (Casa da Ciência), Ilha da Tanimbuca, Maloca, Viveiro dos jacarés, peixes, cotias, macacos e tecnologias, por exemplo, já são atrativos permanentes do bosque que até domingo segue com programação especial e entrada gratuita.
Animados e curiosos, os estudantes ficam atentos a tudo, como a exposição Ecologia de Áreas Úmidas, onde é possível ver a lemna aequinoctialis – a menor planta aquática do mundo – e a poucos passos dali, na Casa da Ciência, a Coccoloba, a maior folha do mundo. A diferença entre elas é gigante. A lemna varia de 3 a 5 milímetros de comprimento, enquanto a Coccoloba alcança 2,50 metros de altura por 1,44m de largura.
“Viemos visitar o Bosque pela primeira vez e é algo inovador para mim e principalmente para os meus filhos. Descobrimos coisas interessantes sobre o peixe-boi e a maior folha do mundo que eu nem sabia, é surpreendente”, disse Paulo Rodrigo Costa.
Para o filho de Paulo, a visita agrega ao conhecimento escolar. “Tenho um trabalho de ciências sobre piranhas e vou usar na escola o que aprendi aqui. Não sabia que existia toda essa diversidade no Amazonas; estou muito feliz”, contou William Deive, 13.
No passeio, os visitantes podem fazer um circuito pelas exposições e oficinas do dia (confira a programação). As atividades são diversas e para vários públicos. Entre elas estão exposições e oficinas de Fungos de Interesse Industrial, Plantas Medicinais da Amazônia, Visitas guiadas ao Centro de Estudos de Quelônios da Amazônia (Cequa), Macrofungos da Amazônia, Mão Biônica, Florestas e Mudanças Climáticas, Se comer, plante – práticas para o desenvolvimento de viveiro escolar, Alimentação de jabutis, Planetário, Contos e músicas regionais, Conhecendo o poraquê, Instalação Artístico-robótica para conscientização ambiental, Fantoche – De frente com o sauim, Varal de Criatividade, apresentação musical do grupo Duo Arawak – comedores de farinha e muito mais.
Diversidade de Insetos
Na visita Conhecendo a Diversidade de Insetos do Bosque, guiada pelo bolsista de pós-doutorado, o entomólogo Alexandre Somavilla, os participantes aprendem sobre o grupo de animais mais abundante e diversificado existente na Terra. Os seres humanos estão rodeados por insetos, bichos que muitas vezes provocam sensação de medo e incômodo, já que muitos deles picam, ferroam e transmitem doenças como malária, dengue, zika. Os insetos também têm um papel muito importante no meio ambiente.
“Aqui a gente busca desmistificar a idéia de que inseto está associado a coisas ruins e mostrar a importância deles. Por exemplo, as abelhas fazem a polinização, serviço ambiental mais importante que a gente encontra, produzem mel, própolis. A gente também fala da importância dos insetos no controle biológico, auxiliando no manejo de pragas de importância agrícola e no decréscimo de insetos vetores de doenças, na regulação do ecossistema e no equilíbrio dos artrópodes”, contou Somavilla.
Portas Abertas – Laboratórios
As bancadas de laboratórios e as coleções biológicas, onde análises são feitas e espécies coletadas são estudadas e armazenadas, também estão no roteiro de descobertas do “labirinto científico”. Nos três campi do Inpa, grupos de escolas com visitas agendadas conheceram o trabalho e o acervo da Xiloteca (coleção de madeiras), do Grupo de Pesquisa em Abelhas (GPA), das Coleções Botânicas (Herbário), do Cequa, do Laboratório de Malária e Dengue, das Coleções Zoológicas (Peixes), da Estação de Piscicultura e da Silvicultura (Pau-rosa).
“Gostei bastante da visita ao laboratório de peixes, até porque tenho vontade de estudar a biologia marinha, os peixes do mar. E chamou minha atenção ver peixes que eu nunca que tinha visto e a maneira como eles são preservados”, disse Johanna Karoline da Silva, estudante da Escola Estadual Jacimar Gama.
Interior
Os alunos e produtores do interior estão dentro dessa aventura. Em centros comunitários e escolas eles têm contato com quem produz ciência, com equipamentos e materiais de pesquisa, além de acesso a resultados que contribuem para gerir melhor o patrimônio natural e desenvolver a região de forma sustentável.
No Instituto Federal do Amazonas (Ifam) de Presidente Figueiredo, alunos de 15 a 30 anos conheceram o trabalho feito pelo Grupo de Pesquisa de Mamíferos Amazônicos, que usa técnicas de amostragem de mamíferos, como as armadilhas fotográficas e rádio-colar. Com o monitoramento, os pesquisadores obtêm informações sobre hábitos e movimentos dos animais silvestres.
A bolsista de doutorado em Ecologia do Inpa, a bióloga Dayse Ferreira, mostrou como as armadilhas funcionam, o que registram e a importância do método para o estudo de mamíferos. A mesma palestra está programada para a Escola Estadual Vaz de Camões, em Manaus
“As armadilhas fotográficas são importantes, porque possibilitam o registro e o monitoramento da fauna de forma não invasiva e por um período de tempo maior. Elas podem ser utilizadas em uma grande variedade de ambientes”, contou Dayse Ferreira.
Diversas espécies de mamíferos, inclusive espécies ameaçadas de extinção como a onça-pintada, queixada, tamanduá bandeira, gato-do-mato, anta, sauim-de-coleira e cachorro vinagre já foram registradas através desses trabalhos, que são realizados na Reserva Ducke, RDS do Rio Negro, RDS Puranga Conquista, Reserva do Alto Rio Cuieiras e em fragmentos florestais da cidade de Manaus, como o próprio Bosque.