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24 de abril de 2020A Universidade Federal do Amazonas realizou na manhã desta quinta-feira, dia 23, a segunda solenidade de colação de grau via videoconferência de sua história, a primeira do curso de Medicina. Ao todo, 56 novos médicos receberam a outorga em cerimônia conduzida pelo reitor da Instituição, professor Sylvio Puga. Todos os trâmites gerados a partir da realização da formatura nessa modalidade, também se deram de maneira digital: desde a ata, o histórico até o certificado de conclusão da graduação. Tudo pode ser acessado, virtualmente, por professores e alunos do curso, incluindo a cerimônia. Assista aqui.
A segunda colação de grau não presencial e em tempos de isolamento social, por conta da pandemia do novo coronavírus, baseia-se na Medida Provisória 934 do Ministério da Educação (MEC), de 1º de abril de 2020, que estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e superior, decorrentes das ações de enfrentamento à situação de emergência de saúde pública. Ela também está amparada na portaria 383, de 09 de abril de 2020 do MEC, que justificaram a decisão pela elaboração do ad referendum nº 04/2020, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), autorizando a antecipação da colação de grau de discentes dos cursos da área da saúde da Ufam.
Na prática, a realização virtual e o trâmite digital de documentos são as únicas diferenças de uma cerimônia realizada nos moldes convencionais, afinal a emoção e as lágrimas de alegria são as mesmas. Do mesmo modo que se realizou a primeira colação de grau por videoconferência, que beneficiou alunos do curso de Fisioterapia no último dia 22 de abril, na do curso de Medicina também houve composição de mesa.
Nela estavam o reitor, a diretora da Faculdade de Medicina, professora Ione Rodrigues Brum, o pró-reitor de Ensino de Graduação, professor David Lopes Neto, a coordenadora do curso, professora Camila França Telles e a paraninfa do curso, professora Thais Tibery Espir. A patronesse do curso, a professora Júlia Pedrosa Fernandes e o professor João Ricardo Rodrigues Maia, que foi o homenageado com seu nome à turma e que é infectologista, também participou como componente.
Após o início oficial do rito de colação, seguiram-se o ato cívico e o juramento feito pela pela formanda Liliane Felix dos dos Santos. A outorga de grau foi conferida pelo reitor ao aluno Ailton Albuquerque dos Santos, que representou os demais 55 colegas. A oradora da turma, Ayssa Kiev de Souza Gonçalves, buscou em seu discurso rememorar os episódios que uniram o grupo ao longo de seis anos.
“Somos pessoas de diferentes origens, sotaques, crenças, ideologias, mas temos dois conceitos que eu acredito nos unir: empoderamento e intensidade. Ao longo do que vivemos juntos, tivemos que nos fazer fortes, empoderados e, agora, intensos. Intensos porque estamos nos formando em meio a uma pandemia e estamos encorajados a enfrentar o momento com toda força e vontade de fazermos a diferença”, disse. Ainda em sua fala, a representante da turma usou de uma analogia com o parto prematuro dentro de um contexto social e de saúde diferenciados. “Considero que estamos nos formando antecipadamente como num parto, não tivemos tempo a mais, mas nem por isso estamos frágeis, pelo contrário, estamos fortalecidos e prontos”, considerou.
O professor homenageado da turma, o infectologista João Ricardo Rodrigues Maia, considerou a coincidência de, em meio a uma pandemia, um médico infectologista ser escolhido pela turma para ter o nome lembrado. Ele também reiterou o compromisso com os médico recém-formados.
“A impossibilidade de olharmos nos olhos como havíamos nos prometido e como irmão mais velho, abraçar cada um. O momento é grave, as incertezas são muitas, mas as mãos de seus professores estarão sempre estendidas, não os deixaremos sós. Olhem esse momento por outro prisma, como um dos maiores desafios de suas vidas.
A paraninfa do curso, professora Thais Tibery Espir falou da saudade que sentirá dos colegas de profissão e também de sua admiração por cada um da turma.
“Vocês são uma turma da qual sentirei falta, não apenas porque nosso relação acadêmica encerra neste momento, mas porque percebo o quanto vocês farão diferença atuando com tamanho comprometimento, o mesmo com o qual se portaram enquanto alunos em campo, nas atividades de extensão ou em sala de aula”, salientou.
A diretora da Faculdade de Medicina, professora Ione Rodrigues Brum, disse estar orgulhosa por ver a convicção de cada um dos formados por desejar se tornar médico, mesmo que antecipadamente e nas circunstâncias de uma solenidade sem comemorações.
“Esse será um momento único, um marco na vida de vocês, na minha, na história da Ufam, na das pessoas que esperam ansiosamente pelos cuidados profissionais que vocês estão aptos a prover”, falou.
O pró-reitor de Graduação, professor David Lopes Neto foi breve em seu pronunciamento. Citou o ato vocacional da escolha pela Medicina e desejou sucesso profissional aos novos médicos.
“Vocês são uma família acadêmica empoderada e que já nos nutre os sentimentos de saudades e de orgulho. O ato do exercício da Medicina já é uma escolha altruísta, mas em tempos como os atuais, é reflexo ato médico hipocrático, de exercer a arte de curar”, disse.
Para encerrar a solenidade, o reitor afirmou em sua fala estar representando também o vice-reitor, professor Jacob Cohen, cuja formação é na área da medicina, sendo oriundo da FM. Ele manteve o rito de se colocar de pé e usar a borla para proferir o discurso final.
“Vocês demonstraram um ato de amor não somente à profissão, mas corajosos por se colocarem à disposição da sociedade. Todos vocês, agora médicos, habilitaram-se de forma voluntária, portanto presto a vocês esta homenagem e reconhecimento públicos, pelo compromisso ético, moral diante da sociedade”, afirmou.
“Ao longo de mais de 50 anos, a Faculdade de Medicina, a mais antiga do Amazonas, vem formando professores altamente capacitados, que em boa parte também são responsáveis pela qualificação dos senhores. A vocês, queridos colegas professores desta Faculdade, recebam o nosso reconhecimento pela grande missão que têm exercitado. Da mesma forma, os técnicos, que estão à frente de laboratórios nessa sinergia que compõe essa comunidade acadêmica da FM”, disse o reitor, em reconhecimento.
Sentimento de colaboração – A agora egressa, a médica Salyme El Kadi externou o sentimento de alegria e de ansiedade por concluir o curso num cenário diferenciado.
“Viver o hoje ainda é um sentimento indescritível. É de felicidade porque estou graduada e porque espero em breve estar na companhia dos meus familiares. Mas, também, de desafio porque é uma realidade decorrente de uma situação que não imaginávamos estar vivendo. Ter a consciência de que poderemos servir à população é uma sensação de utilidade inexplicável. Agradeço muito à Ufam pela oportunidade e à Faculdade de Medicina pela minha formação! Que eu possa honrá-los por onde eu for”, disse.