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6 de maio de 2020Pesquisadores do Instituto de Natureza e Cultura (INC), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), monitoram casos de covid-19 no Estado, inclusive em áreas indígenas, para apresentar registro mais próximo da realidade.
Levantamento pretende acompanhar registros de novos casos para traçar o impacto do vírus no Estado. Responsável pela parceria, a professora do INC, Geise de Góes Canalez afirma que o projeto se dá através de uma rede colaborativa que envolve pontos focais em alguns municípios por região do estado do Amazonas.
“Esses pontos focais são professores, estudantes, comunitários, todos eles numa rede de comunicação que nós temos aqui no Estado. A partir das publicações das prefeituras, e suas Secretarias de Saúde, que emitem os boletins de notificação de covid-19, alguns diariamente outros com período diferenciado, esses boletins são públicos, são coletados e entram no nosso banco de dados para o estabelecimento do monitoramento”, explica.
De acordo com a professora, a iniciativa surgiu da necessidade de apresentar os dados que os municípios estão gerando, coletados a partir da aplicação de testes rápidos e não do exame PCR, feito somente em Manaus, e utilizado pela Fundação de Vigilância Sanitária (FVS).
“Sabendo das dificuldades logísticas e a infraestrutura que temos no interior, percebemos que era muito importante dar força e visibilidade aos municípios, às Secretarias de Saúde, que estão fazendo diariamente o acompanhamento, o monitoramento, e combate à expansão da contaminação pelo covid-19. Então, esses dados partem da base, de cada município, e revelam um quadro ainda maior da contaminação e, com as notas técnicas que estamos preparando e as intervenções que fazemos a partir do monitoramento, pretendemos ajudar o poder público a dar os alertas das necessidades de infraestrutura, de recursos financeiros para a saúde em cada localidade”, informa.
Os dados são publicados na plataforma diariamente em duas categorias, a que trata do Estado do Amazonas, lançada no dia 30 de abril, e a que acompanha o impacto da pandemia junto às áreas indígenas, disponível desde 1º de maio.
“Nesta, a gente entra em contribuição com outros grupos de pesquisa e sobrepõe as áreas de vulnerabilidade às ocorrências de notificação de covid-19 junto aos indígenas”, detalha. “Estamos fazendo novas parcerias para promover as análises. Num primeiro momento não se pensou em que tipo de análise conseguiríamos promover, porque precisamos fazer as parcerias para que consigamos ter uma melhor análise dos quadros, que precisam ser multidisciplinares”, revela.
Um dos resultados da parceria foi a carta emitida aos agentes dos poderes públicos do Alto Solimões, que solicita a inserção do registro das etnias nos prontuários e nos boletins sobre os casos da covid-19, o que não estava sendo feito, e também serviu de suporte para que o Ministério Público faça essa demanda para todo o Estado.
“Mais uma vez, a universidade, no seu protagonismo, vem atuando para apoiar as instituições públicas, os tomadores de decisão, assessorando com dados e informações de modo que se possa melhorar e atender às populações do estado do Amazonas e promover base para as políticas públicas”, ressalta.
O próximo passo é, segundo a docente, a criação de um formulário para as organizações que trabalham com os povos indígenas apontarem as notificações internas sobre as ocorrências da doença entre as populações indígenas por etnia e por localidade.
“Iremos iniciar esse módulo devido à demanda existente aqui no Alto Solimões com as subnotificações ou não notificações referentes às etnias e às populações indígenas”, conta.
“A nossa ideia como grupo, como universidade, e como sociedade civil é que a gente possa colaborar dando mais esse incremento na divulgação da informação dos boletins municipais que já são divulgados, mas que não estavam sistematizados em uma única plataforma. Nosso projeto se ateve à condição prática que existe dois tipos de testes e o rápido é realizado no interior e divulgado em forma de boletins municipais que possuem informações de um cenário mais real da contaminação por covid-19”, completa.