Programa de extensão da Ufam esclarece dúvidas sobre o coronavírus
14 de maio de 2020Tech Talks em Casa apresenta o Webinar “Minimizando riscos em projetos ágeis com design participativo”
14 de maio de 2020Por Bárbara Vinagre
Tenho uns pensamentos de morte, é inevitável”, diz a assistente social Luana Ferreira (34), grávida de seis meses.
Para muitas mulheres, o sentimento do medo e da insegurança passou a ser predominante no período da gestação. Com a propagação do novo coronavírus, apesar de não existir evidências de que as grávidas sejam mais vulneráveis, a Organização Mundial da Sáude – OMS e o Ministério da Saúde recomendam precauções.
Segundo a obstetra responsável pela “Sala Rosa” – setor do hospital destinado a pacientes suspeitos ou diagnosticados com a covid-19 – do Instituto Da Mulher e Maternidade Dona Lindu, em Manaus, Shirlene Simão, “toda mulher grávida fica com a imunidade mais baixa, suscetível não só à covid-19, como também a outras infecções. O cuidado tem que ser redobrado, afinal não se trata somente de uma vida, mas no mínimo duas”, afirma Shirlene.
A obstetra reforça ainda que a grávida com sintomas da Covid-19, deve procurar unicamente por uma maternidade, o que ela lamenta é que, infelizmente em Manaus, não foi posto em prática uma Maternidade de Referência.
“O governo disse que ia fazer uma maternidade de referência e que seria provavelmente o SPA, Hospital e Maternidade “Chapot Prevost”, lá seria montado uma equipe, uma estrutura com UTI’s para atender essas mulheres, mas infelizmente não foi posto em prática. O nosso maior problema com as grávidas que testam positivo para covid-19 aqui no Instituto Da Mulher, é que nós não temos UTI. Em Manaus, as únicas maternidades que tem UTI são a Ana Braga e Balbina Mestrinho, que infelizmente estão sempre cheias e isso dificulta a solicitação de transferência das pacientes que precisam de um leito em UTI”, acrescenta a obstetra.
Informações que não trazem tranquilidade para quem enfrenta esse momento da gestação.
Grávida de seis meses, Luana Ferreira (34) está ansiosa, “eu fico preocupada, são muitas incertezas, tenho uns pensamentos de morte, é inevitável, ainda ontem conversava com minha família, que não sabia se meu bebê estaria mais seguro dentro ou fora de mim, afinal o medo de me contaminar e não poder me medicar me deixa preocupada.” conta Luana.
Ao mesmo tempo Luana busca se distrair, evitando noticiários e comprando coisas do enxoval pela internet.
“Com certeza não é a mesma coisa que ir até uma loja e escolher o que está vendo na hora. Eu tinha planos de fazer o baby chá em junho ou julho, já não vou mais fazer ao que tudo indica, tentaremos realizar algo como fizemos no chá de revelação, só eu e meu esposo e com ajuda da internet revelamos o sexo do nosso bebê a todos”, comenta Luana. (Confira o chá de revelação da Luana no vídeo, ao final da matéria).
Já para Kliciane Almeida(30), no sétimo mês da gestação a aflição foi maior.
“A minha rotina mudou completamente, além de eu estar afastada do trabalho, minha mãe testou positivo para a covid-19 e tivemos que ficar em isolamento domiciliar, foi bem difícil lidar com a situação porque já tínhamos o hábito de tomar café juntos e tivemos que aumentar as precauções em casa”, explica Kliciane.
Além disso, ela se preocupa bastante com a proximidade do parto.
“Eu fico muito tensa, só de pensar no parto já bate aquela ansiedade, até porque tem países que não estão deixando entrar acompanhantes com a parturiente, isso acaba me deixando mais apreensiva. Só de pensar que posso estar sozinha no momento mais emocionante da minha vida, é muita aflição”, diz emocionada a futura mãe.
Segundo a obstetra Shirlene, a covid-19 ainda é uma doença muito nova e ainda está em estudo, portanto a gestante que dá entrada no Instituto e Maternidade da Mulher Dona Lindu com sintomas respiratórios, síndrome gripal, tosse, febre, mesmo que não seja confirmado no momento, pois é preciso aguardar a confirmação do teste, é tratada como se fosse positivo, e caso seja confirmado, todos os cuidados com a mãe e o bebê são redobrados.
“De preferência afastamos um pouco a criança da mãe após o parto, mas não proibimos a amamentação, ela pode amamentar desde que os cuidados necessários de higiene sejam tomados, e não temos como garantir que esse bebê vai estar contaminado ou não, talvez futuramente com mais estudos, porém até o presente momento o que sabemos é que não é uma transmissão vertical, ou seja, a mãe que testa positivo para a covid-19 não significa que o bebê esteja com o vírus. Os bebês serão monitorados, acompanhados pela neonatologia, até ser descartada completamente a suspeita”.
Luana e Kliciane, gestantes citadas nesta matéria, estão bem e tentando, mesmo que em meio as tensões, preocupações e ansiedades, curtir esse momento tão especial na vida de qualquer mulher. Para as duas a experiência é nova, são mamães de primeira viagem.
Foto: Divulgação/Pixabay
Confira o Chá de Revelação da Luana no vídeo, publicado em seu stories.