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25 de setembro de 2020O Estado do Pará é considerado um destino turístico completo, com riquezas naturais e culturais. No segmento religioso, as raízes históricas são carregadas de crenças e manifestações populares. Com diversas festas religiosas, o Pará é um dos estados brasileiros mais importantes para o turismo religioso, por conta dos vários eventos organizados em Belém e no interior. Além de manter há mais de dois séculos a maior celebração católica do Brasil, o Círio de Nazaré, outras manifestações de devoção religiosa fora da capital despertam o interesse de visitantes.
Em todo o planeta, mais de 330 milhões de pessoas por ano procuram lugares sagrados para visitar. No Brasil, de acordo com o Ministério de Turismo (MTur), o segmento religioso movimenta cerca de 20 milhões de viagens por ano, sendo responsável por injetar R$ 15 bilhões na economia brasileira, alimentando atividades do comércio e serviços com a geração de emprego e renda. Belém está entre os destinos que se destacam nesse setor.
“O turismo religioso é muito praticado aqui no Pará. Milhares de pessoas vêm todos os anos ao Pará, seja para o Círio ou para manifestar a sua fé em outros momentos. E nós temos o Círio (de Nazaré) como o nosso principal evento turístico religioso. Para além disso, tem todo o nosso patrimônio arquitetônico que está ligado à religião”, informa André Dias, secretário de Estado de Turismo.
Simbologia – Com muita música, cores, símbolos e animação, as manifestações culturais e religiosas do Pará são únicas. Há 222 anos, completados no último dia 3 de setembro, fé, cultura, música e tradição fazem parte de tantas histórias de devoção a São Benedito, no município de Bragança, na região nordeste. “São Benedito é uma junção de cultura e fé”, afirma Dário Benedito Rodrigues, historiador, devoto e coordenador da Festividade de São Benedito, que tem na Marujada um dos seus grandes momentos.
Segundo o historiador, a celebração a São Benedito foi um símbolo de resistência à escravidão. A celebração foi criada por uma Irmandade, composta por escravizados já libertos, que tinham o objetivo de organizar o culto, reunir os devotos de São Benedito e construir a igreja para celebrar a festa do Santo. Dário Rodrigues ressalta que não há Marujada de São Benedito sozinha. “A Marujada é uma parte plástica, como se fosse uma parte cultural de dança, de folclore, de ajuntamento de pessoas, de roupas. A festa, em si, tem milhares de bens culturais associados. Desde comidas, ladainhas, procissões, ritos religiosos – não só da religião católica, mas também de religiões afro-brasileiras”, explica Dário Rodrigues.
Com os devotos, três grupos de rezadores peregrinam com a imagem de São Benedito por cerca de 8 meses pelas casas da região bragantina. A Marujada é composta por sete tipos de danças: lundu, dança de roda, retumbão, chorado, valsa, mazurca e bagre.
Festa do catolicismo – “O Círio é reconhecido como Patrimônio Imaterial pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Além desse reconhecimento, o Círio tem grande relevância, tradição religiosa, elementos da cultura popular e movimenta a economia do Estado e nacional”, afirma a turismóloga Janes Jaques. A grande festa religiosa, realizada no segundo domingo de outubro, também é um atrativo para o público estrangeiro, que procura conhecer a diversidade cultural da Amazônia brasileira.
Alex Felipe, diretor da Brasil Amazon Turismo, destaca que o Círio é extremamente importante, pois as pessoas reconhecem o Pará por causa da festa. “O Círio chama atenção para a cidade, para o Estado. Além disso, movimenta toda a cidade, com os restaurantes, pontos turísticos e transportes. Para as agências, acaba servindo como um chamariz para Belém do Pará. Só no ano de 2019, quase 83 mil turistas vieram para o Círio e injetaram aproximadamente R$ 120 milhões na economia local.
Fé em todas as regiões – As festividades dos santos padroeiros também são eventos importantes em todas as regiões do Pará. Janes Jaques explica que, ao longo dos anos, “foram criando força devido ao envolvimento da comunidade local na realização, além das instâncias governamentais, municipais e esferas privadas, que incentivam a realização desses eventos, que colaboram na movimentação da cultura local”.
Um exemplo é o Çairé, que ocorre há mais de 300 anos na Vila de Alter do Chão, município de Santarém, no oeste paraense. Durante cinco dias de festival, o Çairé mistura elementos religiosos e profanos, de origens indígena e lusitana, exaltando a cultura regional.
Janes Jaques ressalta que o turismo religioso do Pará nunca se restringiu apenas ao Círio de Nazaré. “Recentemente, a Pastoral do Turismo (Pastur), aqui em Belém, é uma incentivadora de atividades que colaborem para a valorização e visitação de nosso rico patrimônio histórico. Belém do Pará possui várias igrejas históricas belíssimas e conservadas para visitação”, informa a turismóloga.
O secretário André Dias frisa que todas as manifestações religiosas são importantes para movimentar diversos segmentos nas cidades onde são realizadas. “Mais de 100 cidades têm o seu próprio Círio. Isso movimenta regionalmente as cidades. Manifestações como a Marujada e o Festival do Çairé também são importantes para o turismo. Então, é um grande incentivo para o turismo que as pessoas possam participar desses eventos, manifestar a sua fé e conhecer os patrimônios materiais e imateriais das religiões que compõem a cultura do Estado”, reforça o secretário de Turismo.
“Dom Jesus Maria, o bispo da Diocese de Bragança, talvez tenha vivido o que eu falo, o que eu sinto, e aquilo que o bragantino vê. Bragança vê o mundo a partir dos olhos de São Benedito”, garante Dário Benedito Rodrigues.
Na programação de eventos religiosos do Pará, que também se destacam pela forte identificação com a cultura local, merecem destaque o Círio de Nazaré em Vigia de Nazaré, no nordeste paraense, realizado no segundo domingo de setembro há mais de 300 anos; o Círio noturno de Santo Antônio, padroeiro do município de Oriximiná, na região oeste; o Círio Fluvial de Nossa Senhora de Nazaré realizado há mais de 90 anos, no mês de agosto, na agrovila de Macapazinho (já reconhecida como comunidade tradicional remanescente de quilombo), no município de Castanhal, na Região Metropolitana de Belém, e o Círio de Nossa Senhora do Ó (Nossa Senhora da Expectação), no distrito de Mosqueiro (pertencente a Belém), que ocorre no mês de dezembro. (Com a colaboração de Aila Beatriz Inete).