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10 de dezembro de 2020Quando uma grande força age em direção a um ponto, gera outra força de igual potência em sentido contrário. Esta é a sentença da palavra Enantiodromia, que denomina a instalação “Enantiodromia: parece que acordei, mas não foi confirmado”, a ser apresentada de 18 a 21 de dezembro, sempre das 14h às 20h, na Casa de Artes Trilhares.
O projeto é idealizado pela artista visual Bruna Mazzotti, que também é performer da obra ao lado do ator e performer Felipe Maya Jatobá.
A nomeação da instalação enquanto Enantiodromia é um desejo de unção equilibrada entre as forças dos performers envolvidos e a força do participante para a elaboração conjunta de sentido, de acordo com Bruna.
“Em termos práticos, C. G. Jung (1875 – 1961) diz que os sonhos noturnos são um contrapeso das atividades exercidas na vigília; ainda que numa linguagem própria (muitas vezes tida como absurda ou irrelevante hoje em dia), o onirismo vem a equilibrar as decorrências diurnas”, explica ela.
A artista cita suas próprias vivências para exemplificar o conceito da instalação.
“Numa época em que estava muito abatida emocionalmente e sem forças para fazer atividades quaisquer, sonhava constantemente com temas de guerra nos quais eu era uma patrulheira ou uma guerreira. Tudo isso era senão a minha psique compensando minha debilitação. O desejo é poetizar essa ideia de compensação através de uma arte participativa”, comenta ela.
O sentido da obra, conforme Mazzotti, pertence a quem experienciar e ativar a vivência, ou seja: a quem entrar na sala e conduzir a lanterna presente na instalação.
“Propomos aqui uma interação possível em tempos pandêmicos, onde corpos não podem ser aproximados: a ambiência escura da instalação receberá a luz de uma lanterna segurada pelo espectador-participante. Cada objeto tocado pelo feixe resultará em possibilidades múltiplas de interação, a depender do objeto apontado e da sequência de objetos escolhidos por quem conduz a lanterna”, dialoga a artista.
A interação dos performers com os objetos da instalação é baseada em memórias de infância e narrativas oníricas que outrora foram sonhadas por eles.
“A maneira como esse arquivo comporá o repertório se dará estritamente através das escolhas do espectador-participante. É mais do que uma interação entre eu e Felipe, mas o que dá essencialmente vida e dinamismo para a ação é o outro: pela porta da sala e na posse de uma lanterna, quem entra na instalação é quem tem o poder de decisão sobre o que será revelado no escuro”, explica ela.
Concepção
Bruna, que é Mestranda em Poéticas Interdisciplinares pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que o gatilho imagético para essa instalação se deu numa conversa com sua analista, Isa Carvalho, onde ela usava constantemente a metáfora de uma luminária da “Disney Pixar” para demonstrar onde ela estava colocando e distribuindo o foco de sua atenção.
“Uma vez, em uma das sessões de psicoterapia, me veio a imagem de uma luminária ao centro da mesa de jantar que me trazia um afago caloroso, mas antes que eu pudesse apreender de inteiro essa sensação, o holofote pendia para a outra extremidade à minha frente. De maneira impossível, mas ainda assim real, alumiava outros, uma multidão à minha frente: alguns são da família, outros reconheço enquanto amigos e existiam também desconhecidos”, conta ela, dizendo que a partir disso surgiu o desejo de trabalhar com a imagem um dia.
“Enquanto segurava o desejo, escrevi meu anteprojeto de mestrado denominado ‘Sonhário’: trata-se de uma instalação de objetos em uma residência, dada a partir de uma dupla manifestação onírica acerca de um apartamento em que habitei em Manaus. Esses sonhos são apenas pressupostos iniciais, pois irei convidar pessoas para habitarem no local junto a mim, para que possamos derivar novos sonhos para o ambiente em instalações outras”, aponta.
Depois de submeter “Sonhário” ao Programa de Pós-Graduação (PPGAV/EBA/UFRJ) – do qual agora Bruna faz parte – ela decidiu dar vazão para outras imagens que ficaram guardadas, tal qual a comentada anteriormente, da sugestiva luminária na mesa. “Isso veio a desdobrar uma conversa com o Felipe Jatobá que, por consequência, alumiou caminhos construtivos para a instalação ‘Enantiodromia – parece que acordei, mas não foi confirmado’”, acrescenta Mazzotti.
Protocolos de segurança
Durante as sessões, será obrigatório o uso de máscaras de proteção individual. O local de exibição contará com aplicação de álcool em gel e medição de temperatura na entrada. Somente será permitida a entrada de uma pessoa por sessão.
A lanterna utilizada para a ativação da proposta será devidamente higienizada a cada sessão, podendo também o participante trazer sua própria lanterna de casa. Não será permitido tocar nos objetos da instalação ou ultrapassar o limite da distância sinalizado entre os performers e a instalação.
Ficha técnica
Performers: Bruna Mazzotti e Felipe Maya Jatobá
Monitores: João Cascaes e Emily Cerdeira
Designer: Pablo Abritta
Fotógrafos: Alonso Júnior e Herberth Virgínio
Apoio: Secretaria de Cultura, Turismo e Eventos da Prefeitura de Manaus (ManausCult); Casa de Artes Trilhares; Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAV/EBA/UFRJ).
Serviço
O quê: Exibição da instalação “Enantiodromia: parece que acordei, mas não foi confirmado”, com Bruna Mazzoti e Felipe Maya Jatobá
Quando: De 18 a 21 de dezembro, sempre das 14h às 20h
Onde: Casa de Artes Trilhares (Rua Belo Horizonte, n°1408, Adrianópolis)
Quanto: Acesso gratuito
Infos.: @mazotti_bruna e @menino.jatobá