Finalistas do Festim participam de oficina, nesta terça-feira (15/12)
14 de dezembro de 2020‘A Caixa Mágica do Natal’ marca o recomeço para trabalhadores da cultura
14 de dezembro de 2020Disputas alucinantes marcaram a edição 2020, do Rio Negro Challenge, o maior evento de águas abertas do Norte do Brasil, neste domingo, 13/12. Pela primeira vez, a disputa foi realizada no interior do Estado, na praia de Paricatuba, no município de Iranduba (a 35 quilômetros de Manaus). O evento contou com provas de 2 quilômetros e 4 quilômetros, além da tradicional Travessia Almirante Tamandaré que, neste ano, completou 50 anos de existência.
O Challenge 2020 teve ainda a presença da campeã mundial de maratona aquática, Ana Marcela Cunha, que é uma das favoritas ao ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, no ano que vem. O maratonista e medalhista nos mundiais de Barcelona e Kazan, o baiano Allan do Carmo, também marcou presença. A nadadora peruana Mariale Bramont fechou o trio internacional, que nadou o percurso de 10 quilômetros a título de treinamento, em Paricatuba.
A Travessia Almirante Tamandaré, que excepcionalmente este ano foi disputada em formato de circuito, foi vencida pelo nadador roraimense Greyke Miron, de 26 anos, da Aquática Marinho. Ele conta que passou por uma verdadeira odisseia para poder se preparar para aprova, durante a pandemia causada pelo novo coronavírus.
“Quando começou a quarentena, a pandemia, eu viajava para o interior de Roraima, para poder treinar em igarapé e às vezes ia sozinho. O principal interior era o Cantá (distante 35 quilômetros de Boa Vista). Eu treinava para tentar não perder tanto o rendimento, o que foi quase impossível nesta época”, recorda.
Quando o período mais crítico da pandemia chegou em Roraima, Greyke não pode mais viajar, então, ele teve uma grande ideia: o atleta comprou uma piscina plástica de oito mil litros e passou a treinar literalmente amarrado.
“Eu fiquei treinando em casa, amarrado. Meu treinador me passava o treino”, conta.
Quando a escola foi reaberta, o treinamento foi intensificado.
“Meu técnico aumentou drasticamente a metragem no meu treinamento, fazendo, às vezes, eu nadar até 20 quilômetros por dia. Foi uma preparação muito difícil, muito dura”, lembra.
E o esforço valeu a pena. Depois de algumas participações no Challenge, ele finalmente chegou ao lugar mais alto do pódio, e logo na prova mais difícil.
“Eu já fiz 3 quilômetros, depois os 4 quilômetros, 6 quilômetros, mas eu nunca tive uma colocação tão boa assim, era sempre primeiro da categoria, quinto no geral, sétimo no geral e assim por diante”, entrega. “Desta vez eu vim muito mais bem preparado”, admite.
Feminino
Na categoria feminino geral, a nadadora amazonense Isabele Farias entrou na água para defender seu título conquistado em 2019, e não decepcionou, levando o bicampeonato da travessia, na categoria geral. Ela também conta um pouco sobre as dificuldades para treinar durante a pandemia.
“A sensação de vencer é muito boa. É um alívio muito grande conseguir manter meu posto, minha posição de campeã. Foi Deus quem me deu força, que me guiou nesta preparação, porque foi muito difícil, muito complicado, e depois tivemos que mudar totalmente o treino para conseguir nadar mais forte hoje, aqui”, pontua.
Elite
Ana Marcela Cunha, Allan do Carmo e Mariale Bramont participaram do evento, mas disputando o circuito de 10 quilômetros, a título de preparação para competições internacionais que o trio vai encarar em 2021. Com vaga garantida nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, Ana Marcela falou sobre o desempenho nas águas do rio Negro.
“A gente não encontra no Brasil um local tão parecido com o que podemos encontrar em Tóquio, então esse é o motivo da gente vir sempre aqui, nos últimos anos, e eu acho que foi uma prova muito bem nadada, tanto tecnicamente quanto taticamente. Conseguimos fazer aquilo que o Fernando (Possenti, técnico de Ana e Allan do Carmo) pediu”, informa Ana.
Vencedora da Travessia Almirante Tamandaré, na categoria Elite Internacional, em 2019, a peruana Mariale Bramont fala sobre a alegria de retornar ao Amazonas.
“É a segunda vez em Manaus. No ano passado tive a oportunidade de fazer a travessia, e é sempre uma experiência linda vir ao Brasil e competir nadando no rio Negro”, diz a nadadora.
Allan, que também voltou a Manaus, aprovou o circuito de Paricatuba.
“Muito feliz com a minha participação, foi uma prova muito boa, muito legal nadar aqui com toda a segurança, com toda a estrutura. Esse ano foi muito difícil e a gente vê essa travessia que é tão tradicional com o Pierre (Gadelha) e a Marinha participando também, contribuindo… Neste ano complicado para todo mundo, mas está sendo realizada mesmo assim. Isso mostra a força que tem a Travessia Almirante Tamandaré e eu fico feliz de estar participando, de estar fortalecendo a Travessia, não só este ano, mas todos os anos em que a gente puder estar aqui”, declara o baiano.
Melhor técnico de maratonas aquáticas eleito pela Federação Internacional de Natação (Fina), Fernando Possenti celebrou o resultado o treino em Paricatuba.
“Foi espetacular! A gente conseguiu ter tudo que a gente precisava nesta prova: água quente, ambiente quente, que é o que a gente vai encontrar em Tóquio. Eu tive a visão dos atletas, o percurso permitia enxergá-los durante a prova. Pude calcular o quanto eles conseguiam progredir no treino, quer dizer, foi melhor do que eu imaginava”, informa.
Ao final do Challenge, Ana Marcela, Mariale, Allan do Carmo e Fernando Possenti foram homenageados recebendo, cada um, um troféu do Rio Negro Challenge, personalizado.
Missão cumprida
O organizador do Challenge, Pierre Gadelha também celebrou o resultado do evento.
“Tivemos um ano totalmente atípico por conta da pandemia, mas, no fim das contas, o evento saiu, foi um sucesso, e o Rio Negro Challenge segue firme como um dos maiores eventos de águas abertas do Brasil”, comemora.
Demais resultados
Na disputa dos 2 quilômetros, na categoria geral feminino, quem ficou com o título foi Ariadne Gomes. Geilson da Silva foi o campeão no masculino. Na disputa dos 4 quilômetros, Ketlen Manuela venceu no geral feminino, e Luiz Gomes de Lima levou no masculino geral.
No sábado, 12, no Relay, a equipe “Vapo”, que é formada por Felipe André, Breno Pinheiro e Caio Sakamoto levou ouro no revezamento masculino. No feminino, o título ficou com a equipe “Charme e Elegância”, formada por Mary Garcez, Rose Monteiro e Joyce Queiroz.
Apoio
O Rio Negro Challenge 2020 é realizado com apoio do Governo do Estado, Prefeitura de Iranduba e da deputada estadual, Alessandra Campelo (MDB).
Fotos: Alcides Netto