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19 de fevereiro de 2021Por Bárbara Vinagre| A presença das ambulâncias no trânsito de Manaus está muito mais frequente após o início da pandemia do novo coronavírus – Covid-19, fato que se tornou ainda mais evidente, com o início da segunda onda da Covid-19 na capital amazonense, agravada pela manifestação devastadora da nova variante chamada de P1 pelos pesquisadores que a descobriram.
A força e a rapidez com que os sintomas dos pacientes com Covid-19 têm se apresentado desde o início de janeiro de 2021, fez com que o sistema de saúde que já se encontrava em colapso, se transformasse em locais de dor e desespero de pacientes e seus familiares. Os sintomas de falta de ar se tornaram tão agressivos, que fez com que cada segundo fosse fundamental na luta pela vida.
É possível observar ambulância em todos os sentidos da cidade, entre casa e hospitais, Serviço de Pronto Atendimento e hospitais, hospitais e hospitais, assim como hospitais e aeroporto, posto que a quantidade insuficiente de Oxigênio Medicinal nas unidades de saúde, tem feito com que pacientes sejam transportados para outros estados para dar continuidade ao tratamento.
Adelson Fernandes, que dedica onze dos seus cinquenta anos de idade à profissão de Motorista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Emergência da Prefeitura de Manaus – Samu 192 Manaus, cumpre a missão, sobre rodas, de levar socorro ágil e seguro, obedecendo as leis do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, no complexo trânsito da capital amazonense, onde ajuda a salvar vidas.
“Não somos só condutores, também somos auxiliares no socorro. O trajeto é nossa responsabilidade. Nosso comprometimento não é somente com a agilidade com que o socorro chega até a vítima, mas também pela nossa própria vida e a dos colegas (demais profissionais de saúde) que transportamos”, afirma o motorista.
Apesar dos conhecidos sinais sonoros (sirenes) e visuais (luzes rotativas) que anunciam a proximidade de uma ambulância em deslocamento para atender ocorrências, Adelson Fernandes, explica que com essa nova e intensa movimentação de ambulâncias no trânsito de Manaus, foi possível observar que, em sua grande maioria, os motoristas de carro de passeio, não conhecem as regras para dar passagem a estes veículos de assistência, dificultando muitas vezes, a agilidade do socorro.
“Tem muita gente que até tem boa vontade de ajudar, mas acabam fazendo a coisa errada, muitas vezes, sobem até em canteiros para dar passagem, e a gente acaba também ultrapassando de forma errada, pelo meio mesmo, se não o socorro demora mais a chegar”, enfatiza Adelson.
Ele está se referindo a regras estabelecidas no artigo 29, inciso VII, do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, que determina que as ambulâncias são prioridade no trânsito. A regra mencionada pelo motorista profissional do SAMU é especifica aos demais motoristas, que devem atender o ordenamento dando passagem para ambulâncias.
Stanley Ventilari, Diretor de Operações de Trânsito do Instituto de Mobilidade Urbana – IMMU de Manaus, explica como os condutores devem proceder, de acordo com a Legislação Vigente, para dar essa passagem.
“Ao observar a proximidade de uma ambulância, os demais condutores devem se deslocar para a direita e parar o veículo, deixando livre o lado esquerdo da via. Não há previsão para que estes condutores cometam infrações de trânsito para dar passagem ao veículo de emergência, como avançar o sinal vermelho do semáforo ou transitar sobre calçadas ou canteiro central, entre outras condutas habituais no trânsito de Manaus. Já os pedestres devem aguardar no passeio e aguardar a passagem do veículo de emergência, para somente após, efetuar a travessia da via”, explica Ventilari.
O condutor que desobedece a regra acima, explicada pelo Diretor do IMMU – Manaus, deixando de dar passagem aos veículos de emergência, comete a infração de trânsito do artigo 189 do CTB, de natureza gravíssima, sujeito à multa de R$ 191,54 e 7 pontos na carteira. Se, por outro lado, ele conceder a passagem, mas quiser se aproveitar do espaço deixado pelo veículo de emergência, para seguir atrás dele, terá cometido outra infração, do artigo 190, de natureza grave (multa de R$ 127,69 e 5 pontos na carteira).
Quando perguntadas sobre essas regras básicas de como dar passagem para ambulâncias, muitos condutores (habilitados) de carros de passeio, responderam de forma equivocada pensando que estavam corretos quanto ao procedimento determinado no CTB. Confira algumas falas.
“Não sei qual é a regra exata. A única coisa que sei, é que temos que dar a preferência para a ambulância, e que não podemos seguir o vácuo que ela deixa, acredito que gera multa”. Henrique Redman (36).
“Eu não me lembro da regra, aí dependendo do lado que eu esteja, eu paro para o lado que der”. Lucia Mendes (50).
“A orientação que recebemos na auto escola no curso de direção defensiva, é que ao avistar uma ambulância, temos que dar sinal e abrir caminho para ambulância passar.” Willian Azevedo (35).
“Penso eu que a regra seja dar seta e ir pro lado de acostamento, que é o lado direito.” Ulisses Maia (49).
“Sei que é preciso dar prioridade para a ambulância. Procuro ir para as laterais da via, dando passagem para a ambulância pelo caminho que ela puder seguir mais livre.” Fátima Rodrigues (47)
Entre dez das pessoas interrogadas com esta mesma pergunta, apenas o condutor Ulisses Maia se aproximou da resposta correta. As demais afirmações demonstram a falta de conhecimento da Legislação e como o trabalho destes motoristas profissionais é desafiador. Mesmo havendo tanta desinformação sobre as regras que regem o transporte dos Serviços de Urgência e Emergência, Adelson Fernandes não desanima.
“Ser motorista de Ambulância é gratificante. Muitas vezes me emociono com as ocorrências, e quando acreditávamos que já teríamos presenciado tudo, veio a Covid-19. O tempo é primordial para o socorro”, fala o motorista emocionado ao lembrar de um socorro prestado.
“Recentemente, tivemos um caso que fomos até três SPAs (Serviço de Pronto Atendimento) em Manaus, mas não tinha vaga. Fomos para o Hospital João Lúcio, não atenderam, a família implorou, mas não conseguiram. Era um caso gravíssimo de Covid-19, e resumindo, não conseguimos leito. A família ficou chateada, pois queria que levássemos o paciente de volta para casa, mas não podemos fazer isso, é contra nosso protocolo, temos que deixar o paciente em um hospital. Então, eles decidiram tirar, por conta própria, a paciente da ambulância e levar pra casa em um carro particular. Avisamos que se tirassem a paciente da ambulância ela não resistiria, e infelizmente a paciente não aguentou chegar em casa, ela faleceu. Eu nunca pensei que viveria casos como este na minha profissão, nem o acidente de trânsito mais complicado que já socorri, supera o terror que enfrentamos com essa pandemia”, conta o motorista do SAMU.
Parece que o trânsito se tornou pequeno para o profissionalismo e dedicação de Adelson Fernandes. Driblar as complicações de um tráfego intenso nas ruas, diante da pandemia e da crise do Colapso da Saúde em Manaus, se tornou um problema pequeno. Perante tantas dificuldades, os profissionais do SAMU 192 Manaus continuam presentes, principalmente para quem depende e espera um primeiro socorro que chega sobre rodas.
O Médico e Diretor do Samu 192 Manaus, Ruy Abrahim, reforça as palavras de Adelson Fernandes, quando fala que esses profissionais não se diferem em nada dos técnicos de enfermagem, dos próprios enfermeiros e médicos que atuam dentro das ambulâncias, pelo contrário, afirma que a importância deles chega ser até maior que os demais, afinal transportam a vida de todos.
“O condutor do Samu, ele é mais que um motorista, todos passam pelos mesmos treinamentos que passam os demais profissionais de saúde, eles são ‘auxiliares no socorro’. Eles são responsáveis pela condução das vítimas e de toda a equipe durante o percurso pretendido”, afirma o médico.
Ruy Abrahim, aproveita para destacar os serviços das “Motolâncias”, serviço que alguns desconhecem, mas que já ajudou a salvar muitas vidas pela agilidade e rapidez com a qual chega o socorro.
“A grande importância das ‘Motolâncias’ está ligada principalmente a casos de acidentes de trânsito. Técnicos de enfermagem são os condutores das motos, onde devidamente habilitados, conseguem uma agilidade maior diante do complicado trânsito de Manaus, levando kits de primeiros socorros, promovendo um atendimento fundamental até a chegada de uma ambulância para transferência da vítima até um hospital mais próximo”, destaca Ruy Abrahim.
Com a chegada da segunda onda da Pandemia do Novo Coronavírus – Covid-19, o serviço de Motolância teve que ser suspenso, principalmente por dois fatores: a segurança dos funcionários (técnico de enfermagem), que não conseguiriam conduzir a moto devidamente paramentados ao atender chamados de Covid-19 e, pela necessidade da presença destes profissionais da saúde nas ambulâncias devido ao crescente aumento de chamados, ocorridos em função do número de aumentos de casos.
Porém, o diretor Ruy Abraim, afirma que o serviço terá continuidade assim que diminuírem os números de ocorrências de Covid-19 e justifica ainda que, com os Decretos Governamentais de confinamento, o trânsito ficou mais leve e também diminuíram as ocorrências para acidentes de trânsito, em comparação ao período anterior à pandemia.
Foto: Yghor Palhano