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25 de março de 2021O Breves Cenas de Teatro comemora 10 anos com sua primeira versão exclusivamente digital: teatro para ouvir no formato podcast.
O festival, que sempre teve recorde de público presencial em todas as edições anteriores, convoca o público para participar das estreias ao vivo, junto aos artistas, na escuta coletiva on-line. A programação será de 25 a 28 de março e é gratuita.
Cada noite do festival terá a estreia de três ou quatro cenas, às 20h (horário de Manaus) em uma sala virtual. Nesses encontros virtuais, o público e os artistas irão ouvir juntos as cenas da programação daquele dia e, logo após a escuta, participar de um debate com os intérpretes, orientadores e curadores desta edição. O link das salas para escuta coletiva estarão disponíveis nas redes sociais do festival (@brevescenas) e no site www.brevescenas.com.br. A entrada é gratuita e não é necessário inscrição prévia.
“Nesta edição, o caos ocasionado pela pandemia, a solidão posta pelo isolamento e as mortes diárias na cidade de Manaus e no mundo inteiro afetaram toda e qualquer possibilidade de criação e encontro. Entendemos que não poderíamos parar, afinal, é uma década com Teatro Amazonas lotado, mais de 1.500 artistas, produtores, técnicos que já trabalharam no projeto e mais de 51 mil pessoas que já assistiram a uma cena curta no Festival, ou seja, era necessário criar uma nova forma de celebrar com a plateia, ainda que de forma virtual”, ressalta o diretor geral, Dyego M.
O Breves Cenas reúne 13 cenas curtas selecionadas de seis estados diferentes do Brasil, que ficarão disponíveis gratuitamente em todas as plataformas de streaming (Spotify, Deezer, Apple Music).
Após o festival, ainda será possível maratonar a produção teatral em áudio por, pelo menos, um ano. Conforme o regulamento, todas as cenas têm entre, no mínimo, 4 minutos e 59 segundos e, no máximo, 12 minutos e 31 segundos. O desafio dos 13 selecionados para integrar a programação foi construir cenas curtas sonoras, ou seja, cenas em que toda a atmosfera cênica, estética e artística pudesse ser expressa através da sonoridade. Para isso, o Breves Cenas propôs uma investigação sônica aos participantes por meio de uma residência artística.
Diferente de um registro em áudio, a ideia é inspirada no consagrado radioteatro, que teve seu auge nos anos 40 e 50, em uma junção com o contemporâneo podcast.
“Experimentar é o verbo dessa edição. Temos algumas referências de podcast dedicados a peça teatral sonora, com o uso da palavra, das construções de narrativas e da experimentação dos sons focados na dramaturgia teatral. O teatro é presença e levá-lo para os meios digitais tem sido um desafio coletivo para os artistas da cena”, afirma Dyego.
A programação completa e as sinopses das cenas dessa edição estão disponíveis logo abaixo.
Produção e formação
As principais características do Breves Cenas foram reconfiguradas para a linguagem virtual, como a formação e o intercâmbio entre artistas e público de diversas regiões do País.
Os selecionados para programação participaram de uma residência artística com uma dupla orientadora, com um nome dedicado a questões de paisagens sonoras e outro dedicado a proposta estética, e foram acompanhados em todo processo, da criação até a pós-produção da cena curta em podcast.
Entre os orientadores das cenas estiveram nomes como a dramaturga, diretora, poeta e atriz Ave Terrena; o diretor, dramaturgo e ator Fabiano de Freitas (Dadado); o dramaturgo, diretor e ator Márcio Abreu; o pianista, compositor e arranjador Davi Fonseca; o compositor, músico e produtor Felipe Storino; e o compositor e produtor de trilhas sonoras Pedro Leal David.
Outro destaque foi o workshop “VOZES – criação e narrativas”, realizado com a atriz Denise Fraga. O encontro privado e gratuito, somente para inscritos previamente, teve duração de três horas, e foi um espaço para trocas artísticas entre a artista e o público sobre a construção de narrativas a partir de múltiplas vozes.
A atriz pautou boa parte de sua atuação e de sua construção como artista na escuta das vozes do seu tempo-espaço e na tradução desta na construção de narrativas, em que a ficção e o documento se reinventam como uma nova obra.
Único festival de cenas curtas da região Norte com projeção nacional, o Breves Cenas chega à décima edição em formato 100% digital em respeito às recomendações das autoridades de saúde por conta da pandemia da Covid-19. Realizado pela H Produções, o evento foi contemplado pelo edital emergencial Prêmio Feliciano Lana – Lei Aldir Blanc e conta com o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, e do Governo Federal, por meio da Secretaria Especial da Cultura.
PROGRAMAÇÃO
25/03 (QUINTA-FEIRA)- CENA 01 – “ÓRFÃS DE DINHEIRO” (MG)
Sinopse: Uma mulher vendida para exploração sexual ainda criança, em fuga, narra os acontecimentos que a levaram até aquele momento – um pequeno recorte das tantas realidades de vulnerabilidade vividas por mulheres do Brasil e do mundo. No espaço cênico, apenas uma canoa confere à encenação a simbologia de uma travessia que deve ser realizada. O relato convida o público a refletir sobre a necessidade de emancipação econômica da mulher e da importância do direito à escolaridade como requisitos básicos na luta contra a desigualdade de gênero.
CENA 02 – “A(FE)TIVIDADE PERIFÉRICA” (MG)
Sinopse: A narrativa apresenta o romance entre dois homens negros e moradores da periferia. Através do contraste entre a delicadeza de sapatilhas e o tumulto do “caminhão do rappa”, o texto se debruça em três eixos: a vida na comunidade periférica, o movimento LGBTQUIA+ para pessoas dessa realidade social e a busca, por vezes ilusória, da felicidade.
CENA 03 – “AS CALOTAS POLARES DA MINHA GELADEIRA” (SP)
Sinopse: Babi está ilhada na sua cozinha, alagada pelo derretimento da geladeira que pifou sem aviso prévio. A cada minuto, uma placa de gelo se descola rumo ao oceano da sua instabilidade emocional. Ela pede socorro pra Ale, seu roommate e amigo de longa data, mas o que ele não imagina é que ela também pediu ajuda pra Flávio, o ex-namorado de uma relação tóxica. Pra conter o derretimento das calotas polares da geladeira, Ale terá que ajudar Babi a se libertar desse iceberg ou todos irão naufragar feito o Titanic.
26/03 (SEXTA-FEIRA)- CENA 01 – “EMPUXO” (RJ)
Sinopse: É sobre as tentativas de aprender a confiar no outro e em si mesmo. É sobre aprender as leis da física sobre o próprio corpo em relação com a água. Sobre um garoto que transa com outro garoto que ele mal conhece e se depara com uma camisinha estourada na lata de lixo no dia seguinte. O que fazer após esse incidente? A quem recorrer? Onde há acolhimento? Como cuidar de si?
CENA 02 – “ANTÍGONA EM TEMPOS PANDÊMICOS” (AM)
Sinopse: 2020: o espírito de Antígona pousa sobre tempos pandêmicos para cantar os ritos fúnebres.
CENA 03 – “NÓS, OS PALHAÇOS” (SP)
Sinopse: Duas vozes à procura de uma gargalhada. A cena é um encontro de impossibilidades, mas de tentativas constantes de diálogo. Do diálogo que busca algo maior, desprovido da racionalidade do ato da fala: a gargalhada. A gargalhada de Teuda Bara, uma das principais atrizes do Brasil, simbolizando a alegria e a estranheza como meios de sobrevivência em tempos ásperos de afeto e de linguagem.
27/03 (SÁBADO)- CENA 01 – “BESOURO” (RJ)
Sinopse: Uma anti-jornada filosófica, científica e teológica entre seres e nadas.
CENA 02 – “CHECHÊNIA OU A RECUSA DO SILÊNCIO” (SP)
Sinopse: A cena tem como ponto de partida as matérias e registros que em 2018 começaram a circular nos jornais do mundo todo sobre a homofobia institucional e patrocinada pelo Estado aos homossexuais da república da Chechênia, com evidências estarrecedoras sobre prisões e campos de reabilitação, numa reedição dos campos de concentração nazistas. A cena ficcionaliza a partir desse material a história de Samuel L e sua recusa em ceder à violenta estrutura normativa. Num jogo que mistura tempos e vozes narrativas, numa auto-escrita de si, acompanhamos o plano de Samuel para desmantelar a perversa lógica do heteropatriarcado.
CENA 03 – “YEBÁ BURÓ – INÍCIO, TROVÕES E PANAMI” (AM)
Sinopse: As trevas cobriam tudo. Não havia nada. Então, uma mulher brotou de si mesma. Surgiu suspensa sobre seu banco de pedra branca e cobriu-se de enfeites que se transformaram em sua casa. Ela se chamava Yebá Buró, a avó do mundo. Aconteceram coisas misteriosas para que ela pudesse criar-se a si mesma. Existiam seis objetos invisíveis: um banco de pedra branca, uma forquilha para segurar o cigarro grande, uma cuia de ipadu, uma cuia de polvilho de tapioca e o suporte dessa cuia. Desses objetos, ela se fez a si mesma. Por isso, ela se chama a Não Criada. Após criar-se a si mesma, Yebá Buró cria o universo e pensa em povoá-lo. Para isso cria os trovões, que devem fazer a luz, os rios e a humanidade, mas não conseguem fazer a luz nem a humanidade. Ela então cria Umukusurã-Panami, o bisneto do mundo, que terá a missão de criar a luz e a humanidade.
28/03 (DOMINGO)- CENA 01 – “UM DESENHO” (PR)
Sinopse: Uma pessoa tenta viver no quintal em sociedade com animais de outras espécies e se tornar uma delas. A tentativa de desconstrução de sua humanidade encontra várias barreiras na própria necessidade de um discurso que sustente as onomatopeias, de um desenho sonoro para o seu cântico selvagem, de inteligibilidade, ritmos e padrões.
CENA 02 – “ENTRE ESMALTES E TRAPAÇAS” (AM)
Sinopse: Inspirada nas novelas radiofônicas, a versão para podcast do espetáculo mostra a manicure sonhadora Ketthlen Patrycya, que se envolve em uma trama rocambolesca de intrigas para manter seu emprego quando o vilão Enzo Henrique – irmão gêmeo do doce Henrique Enzo, com o qual disputa a presidência da empresa da família -, mancomunado com a dona do salão de beleza no qual a protagonista trabalha, resolve aproveitar a pandemia da Covid-19 para comprar todos os salões do Alvoraldo, bairro periférico da cidade de Manaus, para transformá-los em uma rede de casas de beleza automatizadas, nas quais robôs chineses substituem as manicures.
CENA 03 – “PERDÃO” (MS)
Sinopse: “Perdão” é um trabalho coreográfico fragmento do espetáculo “Términus”, que fala sobre alguns Términus que temos no decorrer da nossa vida, onde o acaso, ou talvez o destino, cruza vidas e contrapõe medos, sonhos, dores, prazeres e personalidades que transparecem, transbordam e até servem de espelho para o espectador. Mas, como em toda jornada, existem desafios que precisam ser superados, para uma verdadeira interação. Nessa mistura de sentimentos, dores, alegrias e reflexões, “Términus” traz à tona o verdadeiro eu, o verdadeiro você.
CENA 04 – “BICHA” (RJ)
Sinopse: Esta cena é baseada em um texto de Zéza, criado a partir do projeto “À minha mãe e ao meu pai, com Orgulho”, orientado pelo escritor Marcelino Freire e realização do Sesc Santo André. Nesse texto autobiográfico inédito, o ator narra em poesia suas primeiras memórias enquanto corpo QUEER onde, quando menino, de toalha na cabeça e escondido de todes, performava Drag trancado no banheiro.
Canais oficiais
Site: www.brevescenas.com.br – Escutas coletivas pelo Zoom (bit.ly/BrevesPodcast)/ Instagram: @brevescenas/ Twitter: @brevescenas/ Facebook: Breves Cenas de Teatro
Fotos: Ingrid Anne / Divulgação