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10 de maio de 2021Roraima agora possui um dicionário da língua indígena Ye´kwana, em formato de aplicativo disponível para download na plataforma Google Play resultado da iniciativa do Museu do Índio e da Fundação Nacional do Índio (Funai), em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A pesquisadora Isabella Coutinho, professora do curso de Letras da UERR (Universidade Estadual de Roraima), participou do desenvolvimento do projeto e informou que as primeiras versões dos dicionários das etnias Guató, Ye’kwana, Sanöma e Kawahiva foram lançadas na plataforma digital no último dia 30, fruto de pesquisas desenvolvidas acerca das populações indígenas, por meio do projeto “Salvaguarda do Patrimônio Linguístico e Cultural de Povos Indígenas Transfronteiriços e de Recente Contato na Região Amazônica”.
Conforme Isabella, o Brasil possui 190 línguas indígenas com risco de extinção, e nesta edição, voltada à produção de dicionários multimídias de Povos Indígenas em Situação de Fronteira, os Ye´kwana foram contemplados.
“A importância desse material é única. É o primeiro dicionário bilíngue, e justamente por se tratar de um material multimídia, acaba tendo muita visibilidade para os Ye’kwanas, uma vez que muitas comunidades ficavam sem acesso a informações por estarem localizadas em lugares de difícil acesso. Agora, como todo mundo tem celular e há internet disponível nas comunidades, eles podem fazer o download desses aplicativos em seus aparelhos”, disse.
A pesquisadora também comentou que o material beneficiará alunos, facilitando o ensino da Língua Portuguesa nas escolas, além de profissionais de saúde, uma vez que não havia nenhum material desta natureza disponível para que eles aprendessem a língua.
“Sempre ouvíamos muita demanda em relação a isso. E agora tem o aplicativo disponível, totalmente gratuito, produzido pelos Ye´kwanas”, explicou.
O presidente da Seduume Associação Ye’kwana, Júlio Ye’kwana, ratifica a avaliação da pesquisadora.
“Sempre tivemos muita dificuldade de falar a Língua Portuguesa e, esmo nos esforçando, até hoje temos. Então, pensando isso, tivemos que fazer dicionários para os alunos que enfrentam a mesma dificuldade nas escolas da cidade. E agora, ele também pode ser utilizado por aqueles que têm interesse em aprender a língua Ye’kwana. Agradeco muito aos professores envolvidos neste trabalho”, destacou.
Durante o trabalho de pesquisa, Isabella coordenou uma equipe composta pela pesquisadora Karenina Andrade, da Universidade Federal de Minas Gerais, e os pesquisadores indígenas bolsistas Marcelo Costa da Silva e Edmilson Estevão Magalhães, além da acadêmica de Letras da UERR, Camila Godoy.
O conteúdo para o dicionário foi coletado durante o período de 2019 e 2020, através de oficinas com o Povo Ye´kwana, da região de Auaris, município de Amajari, Norte de Roraima. O grupo se dividiu e escolheu quais seriam as palavras que constariam nesta primeira edição, coletaram os dados, fizeram a análise, transcreveram e traduziram para o Português todo o material. Ao todo, foram registrados e enviados mais de 1.200 arquivos de áudios, referentes às palavras coletadas para o dicionário, além de imagens.
“De posse dessa documentação, o Museu do Índio trabalhou junto com a equipe técnica do projeto para a elaboração do aplicativo que já está disponível”, completou.
Para baixar os dicionários basta acessar o link: https://play.google.com/store/apps/developer?id=Museu+do+%C3%8Dndio+-+Funai