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26 de maio de 2021Um triângulo amoroso em meio a uma pandemia, que tem como meio principal de interação as redes sociais, se desenvolve na ópera “Três Minutos de Sol”, do compositor Leonardo Martinelli, com libreto de João Luiz Sampaio.
A montagem estreia no 23º Festival Amazonas de Ópera (FAO), abrindo a programação do evento, no dia 6 de junho. Neste ano, a programação do festival será transmitida inteiramente on-line por meio do Facebook e Youtube da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (@culturadoam), e também pelo canal do Youtube do FAO (festivalamazonasdeoperafao).
Realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural, o festival está sendo produzido inteiramente com verba da iniciativa privada, por meio do Bradesco e da Motorola, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério do Turismo e Secretaria Especial de Cultura. Conta ainda com parceria do canal Allegro HD e TV Encontro das Águas, e com o apoio do Catavento Museu de Ciências e da Importadora Carioca.
“Três Minutos de Sol” é uma ópera em ato único, dividido em três cenas de aproximadamente 10 minutos cada. Na história, o público é apresentado aos personagens Laura (a soprano Lina Mendes), Duda (o contratenor Sávio Faschét) e Marcos (o barítono Vitor Mascarenhas). A estreia conta com a direção de cena de Julianna Santos, e os solistas são acompanhados por músicos da Amazonas Filarmônica. A obra foi encomendada especialmente para o FAO.
Natural de São Paulo, o professor, pesquisador e compositor da ópera Leonardo Martinelli explica que a ideia de “Três Minutos de Sol” surgiu da mudança de relações ocasionada pelo isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 e a vontade de transpor isso em música.
“A mudança de relações em todo o planeta, o registro que os jornais faziam sobre as mudanças de comportamento, ver na minha própria rede social como as pessoas estavam lidando com isso, meu cotidiano de isolamento e dos meus amigos, tudo isso fez com que eu quisesse tratar esse tema em uma ópera”, conta. “Eu sempre vejo a ópera como um lugar no qual os compositores e os libretistas falavam de coisas do seu tempo. Esse tema é algo excepcional do nosso tempo”, ressalta.
Sobre a história – A partir dessa mudança de relações no mundo, Martinelli e o libretista João Luiz Sampaio chegaram a um tema comum na ópera e na história da humanidade, segundo o compositor, o triângulo amoroso.
“Eles interagem por meio de um aplicativo, e em algum momento acaba evoluindo para uma relação de afeto e desejo entre os três. O problema ocorre quando, em um momento específico, Marcos propõe a Laura uma coisa a dois, excluindo Duda, e aí existe todo um ato de mágoa e sofrimento a partir dessa decisão”, pontua Martinelli.
Martinelli afirma que a ópera foi pensada para que a personagem Duda, que no FAO será interpretada pelo contratenor Sávio Faschét, também possa ser interpretada por uma mulher (contralto).
“É justamente a gente abrir a ópera para diferentes combinações e trabalhando também outra questão do nosso tempo que é a diversidade sexual e essa nuance dos relacionamentos afetivos, que está sendo tratada às claras nesta ópera”.
Participação no FAO – De acordo com Leonardo Martinelli, o formato que o FAO adotou esse ano é um feito incrível no mundo da ópera. “O diretor artístico, maestro Fernando Malheiro, e o secretário Marcos Apolo Muniz, endossaram um formato incrível e ousado artisticamente”, declara.
“O que vimos muito na pandemia foram casas de ópera e festivais ao redor mundo pegar no baú produções que eles filmaram no palco e colocarem em seus sites e plataformas digitais. Muita coisa disponibilizada era bonita, mas também era mais do mesmo, era fazer da tela do celular ou de um computador um simulacro, uma imitação da ópera. Nesse modelo do FAO, o que é sensacional é trabalhar as óperas já pensadas para o formato digital. Isso muda a maneira como se concebe música”, detalha.
O compositor afirma que participar do FAO com uma ópera encomendada para o festival é uma grande emoção.
“Eu fui ao FAO pela primeira vez em 2005, numa edição antológica, E fui capturado por toda aquela intensidade. Naquela época, fui como jornalista de música. Mas, voltei, alguns anos depois, às próprias custas para acompanhar a estreia de ‘Alma’, do célebre amazonense Claudio Santoro. Então, digo em várias ocasiões, que muito do meu interesse em compor e trabalhar com ópera vem das experiências com esse festival. É uma emoção a mais participar do evento, desta vez como compositor de uma das obras”.
O diretor artístico do FAO, maestro Luiz Fernando Malheiro, adianta que público vai se envolver com a história do trio de “Três Minutos de Sol”.
“O Leonardo é um compositor experiente. Ele usa não só a música e os instrumentos, mas também as vozes de uma maneira interessante, explora bastante as características de cada voz e foi muito feliz nessa composição”, pontua. “É uma ópera que vem de encontro ao nosso tempo, nesse momento de reclusão e distanciamento social que estamos passando. Já estamos nos últimos detalhes e fiquei muito feliz com o resultado. Estou otimista com a reação do público”, declara.
FAO 2021 – A 23ª edição do FAO será realizada de 6 a 20 de junho, com óperas e concertos gravados, recitais transmitidos ao vivo, webinars e masterclasses on-line, entre outras atrações. Adiado por conta da pandemia de Covid-19 em 2020, o FAO será totalmente dedicado a compositores e intérpretes brasileiros.
Seguindo os protocolos de segurança e prevenção contra o novo coronavírus, o FAO tem uma produção inovadora este ano. As orquestras dos Corpos Artísticos gravam, em dias alternados, áudio e vídeo das obras em Manaus, no Teatro Amazonas, e os solistas gravam as vozes em São Paulo, onde também é trabalhada a parte cênica. O material é, então, reunido e editado para dar vida às óperas e aos concertos. Os grupos de músicos também são reduzidos, em formato de câmara, para evitar aglomerações e facilitar o distanciamento social.
De acordo com Luiz Fernando Malheiro, o FAO não exaltará apenas os compositores contemporâneos, mas realizará um panorama de 165 anos de repertório brasileiro.
“É importante salientar a filosofia desta edição do festival de priorizar nossos artistas. Muitos sofreram e foram prejudicados por conta da pandemia, e por isso decidimos trabalhar apenas com profissionais brasileiros e também com repertório brasileiro. Teremos obras desde o século 19 até os dias atuais”, assinala o diretor artístico.
Óperas – O FAO 2021 terá três estreias: “Três Minutos de Sol”, de Leonardo Martinelli; “O Corvo”, de Eduardo Frigatti; e “Moto-contínuo”, de Piero Schlochauer. Todas foram encomendadas especialmente para o Festival.
”Três Minutos de Sol”, de Leonardo Martinelli, abrirá a programação no dia 6 de junho, às 19h (horário de Manaus). Ópera de câmara, com libreto de João Luiz Sampaio, aborda os relacionamentos em tempo de pandemia. Narra a história de três pessoas que estão em lugares diferentes, cada uma em sua casa, que convivem e se relacionam por meio das mídias sociais. O nome da ópera faz referência ao tempo em que uma das personagens fica perto da janela esperando o sol bater diariamente por apenas três minutos.
Obra de Eduardo Frigatti, “O Corvo” será apresentada no dia 13 de junho, às 19h. Baseada no poema de Edgar Allan Poe, traduzido por Machado de Assis, a ópera será uma ilustração de 20 minutos que narra a visita perturbante de um corvo a um homem que acaba de perder sua amada, e que vê a ave como uma mensageira sobrenatural.
Já “Moto-contínuo”, de Piero Schlochauer, encerrará o festival no dia 20 de junho, às 19h. Com libreto de Beatriz Porto, Isabela Pretti e Piero Schlochauer, a obra conta a história de uma inventora que recebe um pedido para construir um moto-contínuo que leve um homem viajante ao espaço.
Recitais e concertos – Os recitais serão apresentados em transmissões ao vivo do Teatro Amazonas, nos dias 7, 9, 10, 16 e 17 de junho, às 20h. No repertório estarão canções de Carlos Gomes, Ronaldo Miranda, João Guilherme Ripper, Chiquinha Gonzaga, Almeida Prado, Ernani Aguiar, Osvaldo Lacerda e Francisco Mignone.
O programa também terá canções amazonenses, com temáticas ou compositores regionais como Waldemar Henrique, Lindalva Cruz, Adroaldo Cauduro, Ronaldo Barbosa, Ketlen Nascimento, Celdo Braga, Osmar Oliveira, Candinho, Altino Pimenta, Claudio Santoro, Pedro Amorim e Arnaldo Rebelo.
Os concertos, que são gravados com produções em Manaus e São Paulo, serão exibidos nos dias 11, 12, 14, 15, 18 e 19 de junho, também às 20h, com obras de Fernando Riederer, Laiana Oliveira, Tatiana Catanzaro, Vinicius Giusti, Paulina Luciuk e Willian Lentz.
Webinars e masterclasses – O FAO também terá ações educativas e formativas com a realização de webinars e masterclasses on-line. As webinars acontecerão no dias 6, 8 e 12 junho, com os temas “A ópera hoje, no Brasil e no Mundo”, “Teatros de Ópera e a Economia Criativa no Brasil e na América Latina” e “ A profissão do compositor erudito no Brasil: formação, divulgação, interesse, futuro”.
As masterclasses serão realizadas entre 16 e 18 de junho, com os temas “Novas linguagens, streaming – até que ponto ajuda ou prejudica a ópera” e “A arte do canto na ópera contemporânea – especialização?”.
Em breve, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa divulgará as datas para inscrição.
Raio-X da ópera – A programação contará ainda com uma série de vídeos dedicada a explicar as profissões artísticas e técnicas da ópera para crianças e adolescentes.
Bradesco e a cultura – Com centenas de projetos patrocinados anualmente, o Bradesco acredita que a cultura é um agente transformador da sociedade. Além do Teatro Bradesco, o banco apoia iniciativas que contribuem para a sustentabilidade de manifestações culturais que acontecem de norte a sul do País, reforçando o seu compromisso com a democratização da arte. São eventos regionais, feiras, exposições, centros culturais, orquestras, musicais e muitos outros.
Assim como o Teatro Bradesco, muitas instituições e espaços culturais apoiados pelo banco promoveram ações para que o público possa continuar se entretendo – ainda que virtualmente – durante a pandemia da Covid-19. O banco também lançou o Bradesco Cultura, plataforma digital que reúne conteúdo relacionado às iniciativas culturais que contam com o patrocínio da instituição. Acesse em cultura.bradesco.
Óperas (19h Manaus / 20h Brasília)
6 de junho
“Três Minutos de Sol”
Ópera de Leonardo Martinelli / libreto de João Luiz Sampaio
Amazonas Filarmônica
13 de junho
“O Corvo”
Ópera de Eduardo Frigatti / inspirada no conto de Edgar Allan Poe
Coral Do Amazonas e Amazonas Filarmônica
20 de junho
“Moto-Contínuo”
Ópera de Piero Schlochauer / libretto de Beatriz Porto, Isabela Pretti e Piero Schlochauer
Amazonas Filarmônica
Concertos (20h Manaus/ 21h Brasília)
11 de junho
“Duas Flores”
de Fernando Riederer
12 de junho
“Vox Populi e Vírus Verbal em Quatro Miniaturas”
de Laiana Oliveira
14 de junho
“Sans Rien Dire e Spaziergang”
de Tatiana Catanzaro
15 de junho
“Dire è Fare”
de Vinicius Giust
18 de junho
“Ária dos olhos”
de Paulina Łuciuk, poema de Alphonsus de Guimarães
19 de junho
“A Máquina Entreaberta”
de Willian Lentz
Recitais de canto e piano (20h Manaus / 21h Brasília)
7 de junho
Canções de Almeida Prado – Francisco Mignone – Ronaldo Miranda
Dhijana Nobre, soprano
Joubert Júnior, barítono
9 de junho
Canções de Almeida Prado – Ernani Aguiar – João Guilherme Ripper – Osvaldo Lacerda – Ronaldo Miranda
Carol Martins, soprano
Thalita Azevedo, mezzo-soprano
Enrique Bravo, tenor
10 de junho
Canções de Chiquinha Gonzaga
Mirian Abad, soprano
Marinete Negrão, mezzo-soprano
Jefferson Nogueira, tenor
Joubert Júnior, barítono
Roberto Paulo, baixo
16 de junho
Canções de Carlos Gomes
Raquel de Queiroz, soprano
Aurean Elessondres, mezzo-soprano
Juremir Vieira, tenor
Luiz Carlos Lopes, baixo-barítono
Emanuel Conde, baixo
17 de junho
Canções Amazonenses
Carol Martins, soprano
Samanta Costa, mezzo-soprano
Wilken Silveira, tenor
Miquéias William, tenor
Josenor Rocha, barítono
Roberto Paulo, baixo
Webinars
6 de junho (20h Manaus / 21h Brasília)
“A ópera hoje, no Brasil e no Mundo”
8 de junho, (16h Manaus / 17h Brasília)
“Teatros de Ópera e a Economia Criativa no Brasil e na América Latina”
12 de junho, (16h Manaus / 17h Brasília)
“A Profissão do compositor erudito no Brasil: formação, divulgação, interesse, futuro”
Masterclasses (16h Manaus / 17h Brasília)
16 de junho
“Composição de Ópera: Novas linguagens, streaming – até que ponto ajuda ou prejudica a ópera”
18 de junho
“A arte do canto na ópera contemporânea – especialização?”
FOTOS: Fernando Binder (Leonardo Martinelli em P&B) e Divulgação (intérpretes)