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23 de agosto de 2021A infertilidade faz parte da vida de mais de 8 milhões de pessoas no Brasil. Nem todas conseguem ter um filho por meio de uma gestação convencional, seja por problemas da mulher ou do homem. No caso dos homens, a principal causa de infertilidade é a varicocele. Na contramão disso, há aqueles que a esterilização (cirurgia contraceptiva) é uma opção extrema.
De acordo com o urologista Flávio Antunes, a infertilidade tem potencial para fazer um estrago enorme na mente das pessoas. Os homens, por exemplo, podem ser afetados por esta condição por causa de infecções no sistema reprodutor, infecções nos testículos, além de doenças genéticas.
“A varicocele são dilatações (varizes) das vias dos testículos. Ela corresponde a 40% de todos os casos de infertilidade masculina. Atualmente, nós sabemos também que os hábitos de vida têm muita influência na capacidade reprodutiva do homem. Homens que fumam, bebem, estão acima do peso ou que não fazem atividade física tem maior probabilidade de infertilidade”.
Infertilidade está relacionada com falta de ereção?
Apesar da infertilidade não estar relacionada com a ereção, alguns homens têm medo de que tenham problemas com isso com o passar dos anos. No entanto, os médicos afirmam que as duas condições não possuem relação. Outra dúvida comum é se a vasectomia interfere na produção da testosterona: a resposta segundo Antunes é NÃO!
“Infelizmente, alguns casais sofrem com a pressão familiar porque as pessoas relacionam a dificuldade de engravidar com uma suposta falta de ereção. Isso mexe com o psicológico dos homens, que chegam a evitar as reuniões familiares para não serem cobrados. Eu alerto que isso não é verdade. Não há qualquer relação entre a infertilidade e a capacidade de ereção. As pessoas que relacionam isso, de forma errada, com a virilidade do homem”, destacou o médico.
Tratamentos
Conforme o urologista, os métodos de tratamento podem variar conforme o tipo de infertilidade. No caso da presença de varicocele e de alteração de na produção e qualidade dos espermatozoides, o tratamento é cirúrgico.
“Quando realizamos a cirurgia, com uso das técnicas por meio do microscópio, a taxa de sucesso é bastante alta. Em alguns casos nós indicamos a reprodução assistida e também precisamos que o paciente invista em saúde, como hábitos mais saudáveis.
Principais dúvidas sobre a vasectomia
Na contramão da infertilidade, os homens que não desejam ter filhos procuram pela vasectomia como forma de prevenção. São raros os casos onde os homens que desejam fazer a vasectomia optam por congelar o sêmen para realizar a fertilização, posteriormente. O especialista alerta que para fazer a vasectomia, o interessado deve corresponder a alguns critérios definidos pela lei 9.263 de 1996, são eles:
– Homens acima de 25 anos
– Que tenham, pelo menos, dois filhos
– Ter estabilidade conjugal (se estiver casado);
– Haver comum acordo do casal;
– Existir indicação psicológica e/ou social;
É um procedimento relativamente rápido que é feito com anestesia local e é considerado permanente. Com a interrupção desse trajeto, impede-se que os espermatozoides cheguem ao encontro do óvulo após a ejaculação. Por isso, a vasectomia é considerada uma das formas mais eficazes de esterilização, pois apresenta baixo risco à saúde do paciente. Os médicos alertam que depois da cirurgia é fundamental permanecer utilizando um método anticoncepcional por 90 dias aproximadamente, pois alguns espermatozoides podem continuar vivos dentro do canal.
A vasectomia pode falhar?
Essa é uma das principais perguntas nos consultórios dos urologistas de todo o País. Segundo Flávio Antunes, isso pode ocorrer sim! Porém, a intercorrência é rara.
“Estima-se que um em cada um milhão de casos de cirurgia de vasectomia pode ocorrer alguma falha. E isso ocorre quando há uma religação natural dos canais que haviam sido obstruídos ou alguns homens apresentam um terceiro duto, mantendo a passagem dos espermatozoides”
Caso vai parar na Justiça
Em julho deste ano, um caso envolvendo uma “falha” de vasectomia ganhou as manchetes dos jornais. O Tribunal de Justiça de Rondônia não concedeu indenização a um homem que engravidou a esposa após se submeter ao procedimento. Segundo a juíza Inês Moreira da Costa, a reversão espontânea da vasectomia não configura erro médico.
O homem fez uma cirurgia de vasectomia em hospital público do município de Vilhena (RO), em 2003. Porém, em 2007, a esposa do homem engravidou e eles tiveram uma filha. Ele, então, entrou com ação contra o município. Em sua defesa, o município sustentou que nenhuma prova sobre eventual erro médico da cirurgia foi produzida e o procedimento não confere esterilização completa.
Para a magistrada, a vasectomia é obrigação de meio e não de resultado, por não se tratar de método absoluto, uma vez que existe possibilidade considerável de falha. Além disso, ela argumentou que o paciente assinou o termo de ciência sobre o procedimento. Por esse motivo, deve seguir os princípios da responsabilidade subjetiva, o que torna indispensável que a parte lesada prove que houve erro médico e culpa do profissional.
Reversão é possível?
É possível sim, segundo o urologista Flávio Antunes. Para reversão do procedimento cirúrgico, o homem deve procurar um especialista habilitado. A cirurgia dura em torno de duas a três horas e necessita de internação.
A taxa de sucesso da reversão aumenta se o procedimento for feito em um período de até 10 anos após ser submetido à vasectomia.