Morre, aos 95 anos, o poeta amazonense Thiago de Mello
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15 de janeiro de 2022Inúmeras personalidades da história definiram o conceito de arte com a afirmação de que “A Arte é Vida”, e baseado neste dogma, podemos assegurar o quanto foi dificultoso manter este ciclo pulsante nos dois últimos anos. As obras de ficção apontavam este triste presságio, mas naquele momento eram remotas as possibilidades de pensar em situações tão difíceis. Menos ainda, na eventualidade de uma pandemia recair sobre aquele momento em que tudo parecia seguir para o início de mais um ano de trabalho e novas metas.
A Covid-19 tentava asfixiar tudo o que encontrava em seu caminho. Se 2020 parecia um pesadelo, poucas palavras descreveriam o angustiante ano de 2021.
O show da vida devia continuar. Inúmeros personagens surgiram para ratificar a máxima de que “A Arte é Vida”, e que as cortinas deviam manter o movimento contínuo de abertura e cerramento para sua sobrevivência.
Tempo de rupturas. Tempo de resistência. Tempo de reinvenção. Foi preciso entender o novo momento: se a forma de consumir já não era mais a mesma, também precisou ser alterada a forma de produzir. Cada segmento artístico teve que se atentar para as modificações impostas pelo período pandêmico e se adaptar à nova realidade. Aos poucos, a arte voltou a respirar e passou a inspirar os “médicos”, ou melhor, os artistas, produtores culturais, gestores culturais e outros profissionais ligados à arte e cultura, que trabalharam (e continuam trabalhando) incansavelmente e não deixaram apagar nem a arte e nem a vida.
O terceiro homenageado de “Quem fez cultura em 2021” do Portal Cultura Amazônica (www.culturaamazonica.com.br) é o artista, diretor, produtor e gestor cultural, com atuação no Ateliê 23, Doutor em Artes Cênicas e Mestre em Cultura e Sociedade, ambos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Taciano Soares.
Taciano Soares falou sobre as dificuldades daquele momento, que afligia não somente a si, mas toda a classe artística.
“Foram muitas as dificuldades que passamos. Primeiro lidar com a saúde mental para ter capacidade de repensar estratégias de criação, já que eu venho das artes da cena, e portanto, do presencial. Percebi que não haviam muitos modelos experimentados ali (principalmente em 2020) que se aproximassem de algo que eu acreditava. Financiamento para criação no modelo virtual era praticamente escasso. As organizações se omitiram e confundiram no quesito ‘auxílio emergencial’ (necessário, claro) como a única possibilidade de fomento numa pandemia (em que ainda estamos). Não há condições de criar uma obra, que é uma reinvenção, para ser consumida no ambiente virtual e, por isso, necessita de amparo técnico, com equipe mais complexa, com valores de R$ 2.500,00, R$ 4.700,00. Chega a ser ultrajante”, enfatiza o artista.
Ainda assim, com todos os obstáculos impostos pelas peculiaridades do ano de 2021, Taciano Soares teve a agenda positiva de 2021 repleta de atividades artístico-culturais, com inúmeras produções, participações, pesquisa e intervenções.
Entre elas destacamos:
• Atuação na gravação do solo de teatro, transformado em peça-filme, intitulado “Pai” e direção dos solos, também em formato de peça-filme, “Giorgina”, atuado por Eric Lima e “Baleia”, atuado pelo Wilas Rodrigues. Essas obras fazem parte do projeto Memoriografias;
• Participação da cena curta em podcast “Antígona em tempos pandêmicos”, com os artistas Viviane Palandi e Francis Madson, no Festival Breves Cenas de Teatro;
• Participação da XIV Mostra de Teatro do Amazonas, com a peça-filme “Vacas Bravas [online]”.
• Participação da gravação do projeto AjuriArtes, de Leandro Tapajós, representando o segmento do Teatro em Manaus;
• Gravação e estreia do primeiro curta-metragem do Ateliê 23, “A Bela é Poc”, como ator, co-roteirista e co-produtor. Também produziu outros dois vídeos que integram o projeto: o videodança “Azul” e o videoclipe “Glowria”. Todos eles foram dirigidos por Eric Lima;
• Defendeu sua tese na Universidade Federal da Bahia (UFBA), obtendo o título de Doutor em Artes Cênicas;
• Ministrou a oficina “Dialogar com o público: planejamento e análise de mercado na cultura”, no PAN – Potências das Artes do Norte;
• Co-produção da ocupação virtual “Casa de Resistência”, nas redes sociais do Ateliê 23, que envolve artes cênicas, artes visuais, audiovisual, literatura e música;
• Mediação na mesa-redonda “Gestão e Produção Cultural pós-pandemia”, na XIV Mostra de Teatro do Amazonas;
• Lançamento de sua dissertação de mestrado em formato de livro “Públicos do teatro em Manaus”, ao lado de Francis Madson e Ítalo Rui na coleção Pensamento de Perto;
• Participação da 3ª Expedição Cultural da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC) por 11 municípios do Amazonas, com espetáculos, exposição, oficinas e filmes.
• Apresentação e publicação no congresso da EASTAP – European Association for the Studies of Theatre and Performance, sediado na França.
Apesar de elencar “apenas” estas atividades, Taciano Soares complementa sua agenda 2021 com mais de 30 atividades artístico-culturais, fato que agregou valor ao conglomerado artístico, cultural e científico não apenas no cenário estadual, mas também no plano nacional e internacional.
“O uso da câmera certamente foi um elemento que chegou e vai ficar. Primeiro experimentei no “Vacas Bravas [online]” a manipulação de imagens de celulares feitas pelos próprios atores de dentro da cena. Ficou um experimento que gosto muito, pois simula uma aproximação, uma invasão da imagem que é muito o que as redes sociais fazem conosco e ao mesmo tempo o que os personagens daquela peça falam. Outra estratégia foi a de expandir e tirar da gaveta projetos no audiovisual que já sondávamos fazer. “A Bela é Poc” foi exatamente isso. Entrar com mais intencionalidade no audiovisual para traduzir desejos artísticos nossos naquele momento. Tem até gente dizendo que estamos migrando de linguagem. Bobagem pura. Estamos expandindo e tentando não ficar de braços cruzados no Facebook ou qualquer outra rede. Há dois anos buscamos ressignificar nosso desejo de criação até que a arte da presença volte a ser segura”, finaliza Taciano Soares.
Nossos cumprimentos ao artista Taciano Soares, que entre dificuldades, propôs a si próprio, novos desafios, e demonstrando maturidade, cresceu ainda mais, elevando o nome da classe artística do estado.
Saiba mais sobre Taciano Soares: @soarestaciano @atelie23
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O 2° destaque da Série “Quem fez Cultura em 2021” é a ativista, cantora e compositora Márcia Novo