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21 de janeiro de 2022A Cacompanhia de Artes Cênicas prepara sua agenda para 2022, com temporada do seu mais novo espetáculo “O Pequeno Príncipe Preto – Para crianças de pessoas grandes” o espetáculo teve como ponto de partida um dos livros mais lidos e conhecidos do mundo, o clássico O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.
A obra traz os palhaços Caco e Sininho que ao se depararem com a dúvida de suas origens ancestrais, embarcam em uma viagem por mundos para desbravar suas ancestralidades e criar novos mundos, numa dessas viagens encontram o planeta do pequeno príncipe que lhes conta sobre toda sua jornada pelos mundos que passou.
O espetáculo tem direção e dramaturgia de Jean Palladino e Francine Marie que juntos levaram para o palco suas inquietações sobre o protagonismo negro em obras que passaram pela suas formações enquanto homem e mulher preta.
“Quando pequena nunca me vi nos filmes e nas histórias clássicas, eu nunca pude ser a princesa, no máximo ia ser a madrasta a vilã, fomos ensinados a viver na margem e esse espetáculo não é só para as crianças de hoje, mas para as crianças de nós adultos que já crescemos, queremos falar para os adultos também, aquela criança que teve seus sonhos negados pelo racismo estrutural”, afirma Francine.
Para Jean Palladino, esta montagem representa um momento importante para a companhia. “Em 2019 encenamos o espetáculo ‘Preciso Falar’ que fala sobre a solidão da mulher negra, um solo de palhaçaria com elementos do teatro documental, desde então percebi que toda formação artística que tivemos foi eurocêntrica e não contemplava nossos corpos e nossa história, esse espetáculo faz parte de uma pesquisa que temos nos debruçado sobre o pode do riso de pessoas pretas” destaca Jean.
O espetáculo traz também referencia a personalidades importantes do movimento negro e da cultura pop, bem como nomes importantes nas artes cênicas como Benjamin de Oliveira e Maria Elisa a palhaça Xamego, ambos artistas pretos e precursores da palhaçaria e circo-teatro no Brasil. Questionamentos como a falta de representatividade negra em figuras heroicas, a importância da cultura afro-brasileira e o empoderamento da beleza de crianças e adolescentes negros dão ritmo à obra.
O espetáculo estreou em Tefé no interior do Amazonas, integrando a programação da Mostra de Circo Caconvida que ocorreu na última semana de 2021 e se prepara para uma temporada em Manaus no Centro Cultural Barravento em março de 2022, mês em que se comemora o dia do Circo.
O projeto foi contemplado pela Funarte em 2020 pelo prêmio de estímulo ao circo. Essa, que é a sexta montagem do grupo, é a segunda pensada pra o aspecto da negritude.
“É um projeto de extrema importância, é um mais um passo da companhia pensando essa temática”, explica,
Jean diz que o espetáculo parte de uma inquietação e vontade de abordar o tema mais de uma forma nichada.
“O três primeiros trabalhos da companhia não refletiam tanto essa inquietação então a gente vem trazendo isso de acordo com o que a gente vem se transformando enquanto pessoa e indivíduo dentro do grupo. A gente acaba colocando como proposta para os próximos trabalhos sempre verticalizando mais essas pensamentos e questões”, salienta.
Para o ator, a ideia é continuar se debruçando em temáticas do segmento.
“Não só as questões identitárias mas também como elas afetam no todo. Em outros trabalhos vamos refletir sobre essas questões do imaginário, identitário e sobre o aspecto feminino. Então é um é um outro recorte que a gente vai afunilando e trazendo”, finaliza.
A Cacompanhia foi realizadora do primeiro festival de Circo Lona Aberta que ocorreu em maio de 2021 e também tem uma sede localizada na Praça 14 em Manaus, o Centro Cultural Barravento que tem atividades formativas de circo e teatro.