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22 de junho de 2023A Prefeitura de Manaus, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult) e do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), abre ao público a exposição “Duo de Artes: Artistas da Terra”, com os artistas plásticos Rosely Barros e João César Costa, no período de 21 a 29/6, no salão térreo do Palácio Rio Branco, localizado na rua 7 de Setembro, s/n, na praça Dom Pedro II, no centro histórico. Rosely Barros selecionou uma série de 11 pinturas – acrílico sobre tela, intitulada “A Menina e o tempo”.
A exposição tem como objetivo primordial incentivar a produção artística da terra, criando oportunidades, condições e espaços para que os artistas locais realizem exposições de suas obras e obtenham maior visibilidade, interação com o público e consequente valorização de suas produções.
“Nossa gestão vem trabalhando para fortalecer a difusão cultural em toda a cidade e, principalmente, na descoberta de novos talentos e potencialização de carreiras. O Concultura, órgão consultivo da Manauscult, vem atuando nesse sentido, e o que vemos aqui nessa exposição são obras de grande valor, com traços muito peculiares, fundamental para a produção artística não apenas na capital, mas em todo o interior do Estado”, comentou o diretor-presidente da Manauscult, Osvaldo Cardoso.
O presidente do Concultura, Tenório Telles, destaca que a “Duo de Artes: Artistas da Terra” é um gesto simbólico de interlocução entre os artistas que trabalham no interior e os que produzem na cidade.
“Esperamos que essa iniciativa contribua para estimular a produção artística e a promoção dos criadores que vivem nos municípios, e que possam ter seus trabalhos reconhecidos em Manaus. Rosely Barros e João César, oriundos de Manacapuru, são uma evidência do poder criativo dos nossos artistas interioranos. Esperamos que esta iniciativa do Conselho de Cultura e Manauscult sirva de estímulo para esses artistas talentosos e possam seguir em suas carreiras”, pontuou.
Telles lembra que o espaço do salão térreo do Palácio Rio Branco na gestão David Almeida se transformou numa galeria que tem abrigado grandes e expressivas exposições artísticas como as mostras de arte indígena, vida e obra de Luiz Bacellar e de fotografias.
Tintas e lápis
A artista Rosely Barros desenvolve suas telas em tecido e com tintas acrílicas e óleo. Por outro lado, João César desenvolveu técnicas com grafite e lápis de cor.
Rosely Barros
Odaléia Rosely Nascimento Barros é natural de Manacapuru/AM. Ainda na infância se encantou pelo desenho e pela pintura, artes nas quais se considera autodidata. Desenvolveu suas técnicas observando as pinturas dos grandes mestres da pintura, o holandês Rembrandt, e do espanhol Diego Velásquez. Além de outros artistas do barroco, renascimento e romantismo nos livros que encontrava na biblioteca da Casa da Cultura do município. Posteriormente, cultivaria uma grande paixão por artistas como Pedro Américo, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Van Gogh, entre outros.
No início de seus experimentos em pintura usava tinta à base d’água sobre papel, até ser apresentada às telas em tecido e às tintas acrílicas e óleo. Desenvolveu técnicas com lápis de cor, aquarela, giz pastel, acrílico/tela e óleo/tela. Sua primeira exposição aconteceu em 1996, com o tema “Casarios”.
Uma outra paixão de sua vida é o magistério, ofício ao qual se dedicou profissionalmente até a aposentadoria, em 2019. A partir desse ano, passou a dispor de um tempo maior para retomar a antiga paixão da pintura, que mantivera latente no decurso dos anos. Desde então, vem produzindo retratos, por diletantismo ou por encomenda, já que a forma humana é o seu principal tema.
Para a exposição “Duo de Artes: artistas da terra”, Rosely Barros selecionou uma série de 11 pinturas – acrílico sobre tela, intitulada “A Menina e o tempo”. Trata-se de quadros que recriam figuras femininas em diferentes contextos. Em um diálogo multiartes, as figuras retratadas são apresentadas em poemas escritos por amigos da artista.
César Costa
O artista visual João César Costa nasceu e cresceu na zona rural de Manacapuru. Quando criança, o desenho era uma de suas brincadeiras preferidas. Ao ingressar na educação escolar, desenvolveu ainda mais o gosto por desenhar e colorir os exercícios que eram passados, desde os primeiros anos de alfabetização.
No início, a paixão pelo desenho e pela pintura esbarrava em alguns obstáculos, ligados ao ultraconservadorismo dos pais e às demandas oriundas das tarefas domésticas a cumprir. Era constantemente repreendido por ser flagrado, em meio às “atividades importantes” do cotidiano. Dessa forma, fazendo desenhos na contracapa dos cadernos, o que a família encarava como perda de tempo e não promissor. Apesar desse contexto, João César sempre nutriu uma esperança de provar para si mesmo que a sua arte valeria a pena.
O tempo passou, e João César teve que se mudar para a região urbana de seu município, para continuar os estudos e trabalhar. Nesse período, por absoluta falta de tempo, abandonou a arte de desenhar e pintar. No ano de 2018, conheceu, por meio da internet, o desenho realista, estilo que o deixou muito impressionado. Buscou informações e fez pesquisas de vídeos na internet, no intuito de tentar entender a técnica. Tratou de adquirir lápis e papéis para iniciar as tentativas de arte realista, dedicou-se muito sozinho. Além disso, fazendo diversas tentativas frustradas de reproduzir algo parecido com um retrato. Com o tempo e as tentativas, foi aprimorando as suas técnicas.
Trajetória
Em 2021, por conta do projeto de Lei Aldir Blanc, João César obteve aprovação de seu projeto “Descobrindo o Realismo em forma Cultural”. Dessa forma, realizou uma exposição de suas obras, juntamente com outros artistas de pintura, dança e música, obtendo uma boa avaliação por parte dos críticos e espectadores presentes. Ainda em 2021, inscreveu-se também no Edital Amazonas Criativo, obtendo a primeira colocação na categoria Artes Plásticas, com o “Projeto Semente Artística”. Nessa proposta ofertava oficinas de desenho realista, artes gráficas, fotografia, artes em EVA e pintura em telas.
João César tem algumas outras categorias de arte como hobby, como por exemplo artes plásticas com reciclagem de papelão, em que produz réplicas de armas. O artista também produz artes em madeira, como marchetaria e marcenaria, além de trabalhos com aerografia, entre outros. João é mecânico de motos, trabalho pelo qual obtém o sustento de sua família, restando o horário noturno para a produção de 90% de suas obras.
Fotos – Clóvis Miranda / Semcom
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