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25 de novembro de 2024Criar Unidades de Conservação (UCs) de Proteção Integral em áreas prioritárias nas zonas urbana e rural de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, e estabelecer corredores ecológicos para fortalecer a conectividade entre elas é uma das medidas necessárias para tirar da rota da extinção o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), espécie endêmica do Amazonas que encontra-se categorizada nacional e internacionalmente como Criticamente em Perigo de extinção e está entre os primatas mais ameaçados do mundo, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Mais que isso, é preciso priorizar atividades de baixo impacto ambiental nessas áreas que são prioritárias para a conservação da espécie e recuperar a vegetação nas áreas protegidas degradadas, além de fortalecer campanhas ambientais de proteção ao sauim.
As recomendações fazem parte do estudo “Identificação de Áreas Prioritárias para a Conservação do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) no Estado do Amazonas”, lançado na última quinta-feira (21), em seminário promovido pelo Instituto Sauim-de-coleira (ISC) no Auditório do Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
O estudo é fruto de uma articulação entre 18 pesquisadores do ISC, Museu Emílio Goeldi (MPEG), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), INPA e ICMBio, que, ao longo de cerca de um ano e meio, estudaram as principais ameaças (áreas desflorestadas, estradas, obras de infraestrutura e etc), os requerimentos ecológicos da espécie, os vários tipos de ambientes, as outras espécies que ocorrem na área e as relações da ocupação humana na área de distribuição do sauim-de-coleira.
A pesquisadora Dra. Ana Luisa Albernaz, do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), de Belém, que liderou o estudo, explica que a criação de áreas protegidas com categorias mais restritivas é fundamental para a conservação do sauim-de-coleira. Também é preciso urgentemente consolidar os Planos de Manejo e os Conselhos Gestores das áreas protegidas mais permissivas, como é o caso das Áreas de Proteção Ambiental (APAs), categoria mais comum nos 8.000 km² habitados pela espécie, nos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo.
O pesquisador professor Dr. Marcelo Gordo, do Departamento de Biologia da UFAM, membro da equipe do estudo e coordenador do Projeto Sauim-de-coleira, lembrou que é preciso que essas medidas sejam adotadas o quanto antes para evitar a extinção da espécie. Uma estimativa baseada em estudos populacionais e de perda de habitat apontou que, no ritmo atual, a população de sauim-de-coleira pode sofrer uma redução de até 80% dentro de três gerações, ou seja, nos próximos 18 anos.
Todos esses fatores contribuem para colocar o sauim-de-coleira no caminho da extinção. Por esse motivo a espécie está categorizado nacional e internacionalmente como Criticamente em Perigo (CR) tanto na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), como na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. Essa é a categoria na qual as espécies enfrentam o mais alto risco de extinção na natureza.
Desafios da conservação
Segundo o presidente do ISC, o seminário para apresentação dos resultados do estudo “Identificação de Áreas Prioritárias para a Conservação do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) no Estado do Amazonas”, é um marco para a conservação da espécie. Além de balizar todas as ações para a conservação do sauim, conseguiu, com sucesso, reunir a comunidade científica, acadêmica, organizações da sociedade civil, gestores e a sociedade para discutir um tema tão relevante para o nosso estado. Para ele, o sauim é uma espécie “bandeira” para o desenvolvimento sustentável. Com a conservação da espécie e seu habitat – a Floresta Amazônica –, ganha a sociedade, ganha o meio ambiente, ganha o Brasil e ganha o planeta como um todo.
Sobre o Instituto Sauim-de-coleira (ISC)
O ISC é uma Organização da Sociedade Civil, sem fins lucrativos, que desenvolve atividades de pesquisa científica, conservação, educação e articulação de políticas públicas para a proteção do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) e de seu habitat, contribuindo para uma Amazônia ambientalmente saudável, economicamente próspera e socialmente justa.
Fotos: Divulgação
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