Manaus será palco de uma noite histórica neste sábado, 19 de abril, com o evento Transcendentais, que acontece na boate Augusta Haus, a partir das 20h. A programação se estende até às 23h e conta com entrada gratuita — os ingressos devem ser retirados antecipadamente pela plataforma Sympla.
Idealizado e organizado pela cantora manauara Malena Benhur, o evento é protagonizado exclusivamente por corpos trans e propõe um espaço de visibilidade, celebração e ocupação artística em um dos principais palcos da cena LGBTQIAPN+ da cidade.
No palco, nomes como Juma, Kalyopê, Arty, Duca Vieira e a própria Malena Benhur conduzem o público por performances que misturam música, teatro, dança e poesia. A pista será comandada pelas DJs Ariana Paes e Avitor, prometendo um set potente, diverso e pulsante.
Mais do que entretenimento, Transcendentais é uma afirmação: de existência, de arte, de pertencimento e de afeto. Uma proposta política e sensível que evidencia o talento trans manauara em todas as suas camadas.
Arty: uma carta de amor em forma de performance
Com uma trajetória que une teatro musical, dança urbana e audiovisual, Arty iniciou sua jornada artística em 2014, no coral do Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro. Desde então, coleciona passagens por grandes produções como Escola do Rock e Ópera do Malandro, ambas encenadas no Teatro Amazonas. É também professora e assistente coreográfica no Gandhicats Project e participou do Festival Folclórico de Parintins pelo Boi Garantido.
Para o Transcendentais, Arty traz o pocket show “Com amor, Arty”, uma performance-carta de amor que mergulha nas referências da música popular do Norte e Nordeste. No repertório, nomes como Reginaldo Rossi, Banda Calypso, Wanderley Andrade e Berg Guerra ganham uma nova perspectiva a partir do corpo e da voz trans.
“E se essas histórias de amor fossem contadas por um corpo trans? O que muda quando quem canta não apenas interpreta, mas vive na própria pele o deslocamento, o excesso e a luta por afeto?”, provoca Arty.
A proposta é provocar e deixar rastros — um batom borrado, um grito que vira melodia, um corpo que dança com um copo na mão.
“É sobre intensidade, nostalgia e liberdade. Sobre ser tudo o que sou: intensa, contraditória, romântica, felina”, completa.
Para Arty, eventos como o Transcendentais são fundamentais para dar visibilidade a artistas trans locais.
“É nesses espaços que nos vemos, nos reconhecemos e somos reconhecides. É onde encontramos novos talentos e mostramos que temos um diferencial.”
Duca Vieira: entre misticismo, cotidiano e resistência
Com apenas 23 anos, Duca Vieira já marca presença na cena artística manauara como atriz, cantora e performer. Atua há três anos no teatro musical e participou de espetáculos como Divaland, da Secretaria de Cultura, e da versão 2024 da Ópera do Malandro.
Sua busca por narrativas que dialogassem com sua vivência enquanto travesti na cidade levou ao encontro com Malena Benhur — uma parceria que resultou em novos caminhos e na gravação de sua primeira música.
Para o evento, Duca apresenta uma performance que entrelaça corpo, arquétipo, misticismo e cotidiano, criando um “lugar de encontro”. Para ela, iniciativas como o Transcendentais são mais do que simbólicas: são fundamentais.
“É sobre nos enxergar, ter referências, ver nossos corpos ganhando narrativa. É o mesmo palco, os mesmos dilemas. A cena queer manauara está vibrante e diversa, e é lindo ver pessoas trans se munindo de arte e proposta.”
Transcendentais é, portanto, mais que um evento: é um manifesto artístico, um espaço de encontro e uma oportunidade de celebrar a força criativa de artistas trans amazônidas que, com brilho nos olhos e potência no corpo, seguem escrevendo suas histórias.
SERVIÇO
Transcendentais – protagonismo trans na cena manauara
Boate Augusta Haus (Manaus)
Sábado, 19 de abril
Das 20h às 23h
Entrada gratuita (retirada de ingresso pelo Sympla)
Performances: Juma, Kalyopê, Arty, Duca Vieira, Malena Benhur
DJs: Ariana Paes e Avitor
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Jandira Pereira
Como mãe em nenhum momento isso para mim foi me sentir envergonhada pela bela pessoa que Deus me deu, tenho mto orgulho e me sinto privilegiada por ela existir na minha vida. Sim teria mesmo que abrir mais oportunidades para elas mostrarem quão talentosas são. Só gratidão.