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11 de novembro de 2019Terra: nosso corpo, nosso espírito
Em agosto de 2019 mulheres de mais de 130 povos de diferentes etnias reuniram-se em Brasília, em torno da 1º Marcha das Mulheres Indígenas com o intuito de lutar contra as mais diversas formas de violação ao seu território, usurpado pela ação de gananciosos em busca de riqueza e poder. Com elas, mulheres de diversos países engrossaram o coro, tornando o canto de resistência das “mulheres amazônidas” um manifesto mundial.
“A terra está doente”, dizem elas, e junto à terra adoecem também a fauna, a flora, as tradições, os mitos, as cosmologias e os símbolos dos povos e comunidades tradicionais. A luta dessas mulheres é, também, a luta dos homens indígenas, é a luta do Davi Kopenawa, do Raoni, do Ailton Krenak, do Daniel Munduruku, da Francisca, do Ajuricaba, do Maroaga e de tantos outros. É também a luta de quilombolas, ribeirinhos, pescadores, de homens e mulheres do campo, das águas e das cidades. É a luta do folclore, da arte cabocla, da cultura parintinense, da tacacazeira, das benzedeiras e do sacaca.
São fazeres e saberes que estão sendo ameaçados, vilipendiados, cerceados. Os povos estão vendo suas heranças serem interrompidas, aquilo que foi transmitido de pai para filho, de mãe para filha, tem se tornado cada vez mais um misto de cinza e pó. A luta pela terra, portanto, é a luta pelo lugar de fala e pertencimento dos povos e comunidades tradicionais da Amazônia.
Mas o Boi Caprichoso não apenas adere ao manifesto como também amplia essa luta, abraçando os povos de todas as nações que, cada vez mais, são movidos compulsoriamente por fluxos migratórios e apartados de suas próprias tradições por força da ação predatória do homem e de sua vaidade, loucos em suas verdades e sedentos em suas aspirações. Que terras mais estão sendo negadas àqueles que a ela pertencem?
Queremos com o tema “Terra: nosso corpo, nosso espírito” promover um grande “embate” contra a destruição da terra, contra a extinção de seu bioma, contra as queimadas, contra o envenenamento dos rios, contra a pesca predatória, o roubo dos minerais, das águas, o assassinato de lideranças indígenas e o feminicídio nas aldeias.
Em “Terra: nosso corpo, nosso espírito” queremos promover um levante dos mitos e lendas da região, do folclore e da cultura popular, onde sua dramatização na arena se configure num plano de resistência, num “movimento de cura” da terra.
Uma dramaturgia rica onde, em três noites, serão apresentados estes movimentos de cura desta terra doente. E essa cura somente é possível através da resistência e da celebração de suas culturas. O Caprichoso não se exime da realidade e, através da arte cabocla, azul, e encorajados pelo ímpeto e pela força de sua galera é que lançaremos um brado de resistência ao mundo.
É a luta por nossa identidade. Uma identidade Caprichoso. Afinal, é lutando por aquilo que é nosso que mostramos aquilo que nós somos.