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11 de fevereiro de 2022Nesta sexta-feira (11/02), Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) homenageia suas profissionais das áreas de ciência e engenharia, representadas por Maria do Carmo, geóloga atuante no órgão há mais de 30 anos, e a estagiária Gabriela Sales, estudante de Biologia. O reconhecimento para as mulheres dessas esferas de conhecimento foi instituído pela Assembleia das Nações Unidas em 2015 e a data, então, foi integrada ao calendário oficial da organização.
No trabalho diário do Ipaam em licenciar, monitorar e fiscalizar os parâmetros ambientais do estado, o corpo de profissionais do Instituto conta com mulheres em atuação ativa e graduandas, particularmente, nos ramos das engenharias e ciências. Esses campos de estudo estão inseridos no sistema de aprendizado científico ‘STEM’ — sigla em inglês para “science, technology, engineering and mathematics (ciências, tecnologia, engenharia e matemática)”. Os âmbitos de conhecimento STEM são o foco do incentivo à participação feminina neste dia.
Maria do Carmo Neves — Maria do Carmo é geóloga e matemática. Está no Ipaam desde 1990 e possui um vasto currículo na área ambiental. Filha de pais nordestinos, Maria nasceu e cresceu em Manaus. E seu caminho no conhecimento técnico e científico começou ainda no ensino médio, onde, na Escola Técnica Federal do Amazonas (atual Ifam), realizou o curso de Eletrônica.
Na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a profissional ousou e apostou nas esferas matemáticas e científicas, tendo concluído as graduações de licenciatura plena em Matemática e bacharelado em Geologia nos anos de 1987 e 1988, respectivamente. Maria, inclusive, lecionou cursos de matemática, gestão ambiental, recursos hídricos e minerais em instituições privadas de ensino superior e na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), como professora colaboradora.
No Ipaam, a profissional esteve à frente da diretoria técnica por duas gestões, foi gerente de licenciamento e coordenadora de projetos de zoneamento de parte do estado, possuindo também experiências na área de mineração e lavras garimpeiras sustentáveis. Além disso, atuou em comissões de estudo de impacto ambiental e coordenou audiências públicas.
Para Maria, a ideia de poder transformar as visões das pessoas e suas relações com o meio ambiente gerou a motivação para que buscasse ampliar seus conhecimentos na área e não descarta o gosto em aprender e compartilhar todo saber.
“Eu gosto da temática ambiental e quero fazer parte, de alguma forma, em mudar a cultura das pessoas na relação com o meio ambiente, em como cuidar dos resíduos de forma adequada, não desmatar sem necessidade, exploração mineral de forma sustentável. Gosto, principalmente, de prestar treinamentos e cursos, de trocar experiências e levar conhecimento. Sempre gostei e gosto de estudar, além de compartilhar tudo o que aprendo”, destaca Maria.
A geóloga confessa que durante a jornada que percorreu, embora nem tudo fossem flores, não se arrepende de ter escolhido os cursos e qualificações que fez, mesmo em meio às esferas com predominância masculina e situações em que o machismo a prejudicou profissionalmente.
“Escolhi dois cursos, que na minha época predominava muito a presença masculina. E eu passei por uma situação, em uma das primeiras vezes que busquei trabalho. O avaliador me disse que era a mais qualificada entre os candidatos, mas não iria me contratar por ser mulher. Lógico que em todo esse tempo, nem tudo foram flores, mas não me arrependo e no geral, tenho satisfação em fazer o meu trabalho”, revela a profissional.
Hoje, Maria do Carmo é assessora do diretor-presidente do Instituto, Juliano Valente, operando em grandes projetos do órgão e audiências públicas para apresentação de estudos de impacto ambiental.
Sobre o protagonismo e atuação feminina, a geóloga enfatiza a importância de as mulheres provarem seus potenciais e que gêneros não definem níveis de competência ou preparo profissional.
“Nós como mulheres somos sempre provadas ou testadas. O importante é se superar e demonstrar de fato, que não estamos ali só para vender beleza, e sim para desenvolver um trabalho e que temos tanto potencial e conhecimento quanto qualquer outra pessoa que se submeta”, destaca.
Gabriela Sales Campelo — Gabriela Sales é estagiária do Ipaam há 6 meses e atua na Gerência de Fauna (GFAU). Nascida e criada em Manaus, Gabriela conta que desde pequena, seu sonho era ser veterinária, entretanto, com o tempo se encontrou na biologia.
Então, em 2014, foi aprovada a primeira vez para o curso superior de ciências biológicas na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e cinco anos depois, em 2019, após períodos de muita luta e estudo, como relata, alcançou a aprovação também na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), onde estuda atualmente.
A estudante revela que sua área possui certas dificuldades em face do machismo estrutural entre o dia a dia acadêmico e pesquisas, mas acredita que por meio da busca do protagonismo feminino como exemplos para outras, a permanência das mulheres nos terrenos científicos será favorecida e garantirá mais igualdade.
“Ainda temos dificuldades de sermos ouvidas seriamente e até mesmo somos consideradas inaptas para muitas áreas, mas acredito que conforme mais modelos de cientistas mulheres forem mostradas para a população, mais interesse será visto, como se a gente olhasse para um exemplo e pensasse “eu posso ser essa mulher”, acho que isso pode favorecer tanto o ingresso, quanto a permanência de mulheres na carreira científica”, aponta Gabriela.
Gabriela, que trabalha diretamente com o serviço do Instituto de resgate de fauna silvestre em Manaus, destaca, ainda, que sua principal motivação todos os dias é o amor pelos animais e a vontade de fazer a diferença, ajudando seres indefesos a voltarem para seu habitat natural ou auxiliando com o acompanhamento para a avaliação veterinária.
Para os futuros planos, a estudante confessa a vontade de seguir na área ambiental e não planeja deixar para trás o amor pela fauna ao pretender trabalhar na área da zoologia ou conservação ambiental.
Questionada sobre o que diria às demais mulheres e meninas que sonham em ingressar e desenvolverem suas carreiras em áreas das ciências, Gabriela aconselha:
“Tenha fé em si mesma, principalmente fé na ciência, determinação, faça o que ama e ame o que faz. Com essas características, acredito que qualquer mulher consegue ir muito longe”, disse a estudante.
FOTO: Divulgação/Ipaam